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Jornal da Manhã

Juros devem ficar estáveis no Brasil e subir nos Estados Unidos nesta quarta, prevê economista

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O Banco Central do Brasil, e o FED, que é o banco central dos Estados Unidos, anunciam nesta quarta-feira, 21, as decisões de política monetária. O evento é chamado de “super quarta” no mercado financeiro, onde há a expectativa de que os americanos adotem alta de juros, enquanto no Brasil a taxa Selic pode seguir no mesmo patamar. Para explicar esse contexto econômico, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou Juliano Ferreira, economista-chefe da corretora BGC Liquidez. Primeiramente, o especialista detalhou as expectativas dentro do mercado brasileiro e ressaltou a possibilidade de um último aumento de ajuste da taxa Selic: “Para grande parte do mercado a expectativa é de manutenção em 3,75%, que seria o fim do ciclo que começou lá em março do ano passado, quando a taxa ainda estava em 2%. Foram 12 aumentos consecutivos, com ritmo de alta também bastante pronunciado. Tem uma parcela bem considerável de agentes acreditando que pode ter ainda um ajuste final e residual de 0,25. Há um consenso de que o nosso ciclo de aperto já foi o bastante, já foi feito. A gente fez de forma bastante adiantada em relação a vários pares, a gente começou a subir a Selic antes”.

“Há também o consenso de que nós estamos em um momento bastante restritivo de política monetária. Isso significa que a Selic já está em um patamar bastante alto, se considerada a inflação para o ano que vem. A divergência é mais porque, tanto o diretor do Banco Central, Bruno Serra, quanto o presidente Campos Neto falaram com o mercado que ainda estavam preocupados com a inflação, que o jogo não acabou e que seria muito cedo para fazer qualquer eventual corte de juros no ano que vem. O mercado acabou interpretando isso com uma certa preocupação adicional, em termos de inflação. Por isso, talvez, os 0,25 pontos adicionais estejam ainda vivos. Para 80% do mercado hoje a expectativa é de manutenção, e para os 20% restantes é de alta de 0,25”, explicou.

Já nos Estados Unidos a expectativa desta quarta-feira é de alta na taxa de juros e o início de um ciclo de aperto monetário frente à expectativa de recessão mundial em 2023. Ferreira acredita que essa é uma tendência global e comparou o momento da economia estadunidense com a do Brasil: “Boa parte do mercado tinha uma perspectiva de que o ritmo de alta do FED para hoje pudesse ser reduzido. Há algumas semanas atrás essa era a perspectiva. Só que nós tivemos um dado de inflação muito elevado nos EUA. Principalmente os núcleos de inflação, que são um componente que expurga quaisquer indicadores mais voláteis da inflação. Uma medida mais pura, que o FED gosta de olhar bastante. Esse indicador acabou dando um sinal de alerta para o Banco Central americano de que reduzir o ritmo de altas agora pode não ser muito produtivo. Dado que agora, tanto o Banco Central americano, quanto o próprio mercado, já entenderam que precisaremos de taxas de juros, no mundo, principalmente nos EUA, mais altas e por mais tempo para combater a inflação. Eles estão vivendo um processo inflacionário bastante grave e danoso para a economia, como há muito eles não tinham”.

“O Brasil já está bem mais acostumado a viver esses saltos inflacionários, então a gente já tem mais casca grossa para enfrentar esse tipo de batalha. A gente começou a subir mais cedo porque aqui a inflação apareceu mais cedo. Naturalmente as coisas acabaram piorando muito rapidamente pro Brasil, logo depois da crise da Covid-19, nós já tivemos sinais de que a inflação voltaria. Por isso que, logo depois da queda final para 2%, a gente ficou um bom tempo com 2%. Mas depois tivemos que subir de forma muito mais rápida porque a gente já estava atrasado no nosso próprio ciclo. Agora, dado que a gente já fez bastante ajuste, é que vai acontecer esse descasamento. Eventualmente a gente vai parar de subir, enquanto o FED vai subir e continuar subindo. Não descarto também a alta de 1 ponto percentual, a perspectiva do mercado lá fora é parecida com a daqui. 80% do mercado aposta em uma alta de 0,75 e 20% deve apostar no aumento de 1”, esclareceu o economista.

O economista-chefe da corretora BGC Liquidez ainda deu sua opinião sobre a condução da política econômica brasileira no que diz respeito à atuação do Banco Central e do Ministério da Economia: “O Banco Central fez um ótimo trabalho em ter percebido com antecipação o problema que nós teríamos. Tem algumas críticas de que poderiam ter começado esse processo antes. Ou de que não precisaria ter reduzido tanto a Selic. Mas eu imagino que naquele momento era muito difícil ter essa noção. É muito mais fácil a gente fazer a crítica depois de acontecer. O Banco Central acabou reduzindo juros para um nível baixo, mas também subimos com uma velocidade maior porque vimos o quão negativo podia ser a Selic tão baixa. Só tem elogios a fazer ao Banco Central e a condução do Campos Neto. Para o ministro da Economia, acho que a gente fez um bom trabalho em termos de dar suporte para a economia no momento mais difícil da pandemia. Ao mesmo tempo, várias reformas que foram feitas ao longo desses 3 e 4 anos acabaram maturando e aumentando a produtividade da economia”.

“Hoje a gente pode crescer um pouco melhor. Não é o ritmo de crescimento que a gente adoraria ver, é um ritmo de crescimento baixo para os nossos próprios padrões. Diante de tanta turbulência e de tanto problema, esse ano está coroando uma recuperação econômica positiva em termos de emprego, que é um dado bastante importante. Quanto mais emprego a gente consegue gerar, mais fruto social a gente consegue em um prazo seguinte. Uma coisa não consegue andar em conjunto com a outra. Primeiro a gente está tendo essa melhora de empregos, consequentemente a gente vai ter uma melhora de salários e logo em seguida a gente vai ter uma melhora de renda de maneira geral”, projetou Ferreira.

Fonte: Banda B

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