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Filha é presa por golpe de R$ 725 milhões contra a mãe em roubo de arte

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Sabine Coll Boghici, filha do colecionador Jean Boghici, enganou a própria mãe. Ela e um grupo que incluía uma falsa vidente, roubaram obras de arte, joias e dinheiro A Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade (Deapti) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (10), a Operação Sol Poente, contra suspeitos de roubar obras de arte — entre eles, quadros de Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral — joias e relógios Rolex, além de pagamentos em dinheiro feitos pela vítima aos integrantes da quadrilha. A filha da vítima está entre os presos por participação no crime. A obra de Tarsila do Amaral, que dá nome à operação, foi recuperada pela polícia nesta manhã. O prejuízo estimado é de R$ 725 milhões, de acordo com a polícia. Segundo as investigações, 21 joias e três relógios Rolex levados pela quadrilha estão avaliados em R$ 6 milhões.

Ao todo, são seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, cumpridos em endereços na Zona Sul e nos bairros da Abolição e do Engenho de Dentro, na Zona Norte do Rio. Além de Sabine Coll Boghici, filha do colecionador Jean Boghici e da vítima, três outros suspeitos foram presos, sendo eles: Jacqueline Stanescos, Rosa Stanesco Nicolau e Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger. Outros dois, entre eles uma falsa vidente, estão foragidos.

Pouco antes das 6h30, quando a polícia chegou na casa de Rosa, ela tentou fugir pulando pela janela. O filho dela cortou parte uma tela de proteção e a mulher chegou a se pendurar no vão. Então, ela foi alertada da presença da polícia. Em seguida, os investigadores entraram no apartamento e encontraram 11 obras de arte, avaliadas em R$ 250 milhões.

Entre os quadros, está o "Sol Poente", da fase antropofágica da obra de Tarsila de Aguiar do Amaral (1886 - 1973). Pintado pela artista em 1929, ele faz parte de um grupo de quadros “que contam com cores fortes, que mostram figuras do imaginário, dos sonhos e de lembranças de infância”, de acordo o site oficial da pintora.

O quadro é em óleo sobre tela e tem 54 x 65 centímetros. Outra obra que faz parte da lista que, de acordo com as investigações, foi roubada da idosa, também é desse período: "O Sono", pintada em 1928. O quadro mais famoso de Tarsila, "Abaporu", que não faz parte da investigação, também é desse período.

A idosa de 82 anos, vítima dos crimes, é viúva do marchand (negociador de obras de arte) Jean Boghici. Parte das obras de arte roubadas, segundo a polícia, deixou o país e foram parar em Buenos Aires, na Argentina. Os suspeitos cometeram os crimes de estelionato, roubo, extorsão, cárcere privado e associação criminosa. Com a investigação, já foi possível uma recuperação de 40% do total do prejuízo informado.

Sol Poente, de Tarsila do Amaral

Reprodução

Tratamento espiritual

A idosa, de 82 anos, foi ludibriada pelo grupo, que ofereceu tratamento espiritual para uma de suas filhas em troca de dinheiro. O contato com uma falsa vidente foi feito em janeiro de 2020, numa abordagem numa rua em Copacabana. A vítima chegou a pagar R$ 5 milhões pela suposta cura e ao desconfiar que estivesse sendo vítima de um golpe, não quis mais realizar as transferências bancárias e passou então a ser mantida em cárcere privado, em seu apartamento, na Zona Sul do Rio, pela filha, entre fevereiro de 2020 e abril de 2021.

Durante o cárcere, a idosa chegou a ser agredida, privada de alimentação e teve uma faca colocada em seu pescoço para que fizesse a transferência de valores. Ela descobriu que todo o golpe havia sido articulado por Sabine, que também passou a vender obras de arte para a galeria de arte Ricardo Camargo Galeria, em São Paulo. Ao ser questionado por policiais, Camargo informou que, por conhecer a família, foi induzido a realizar as vendas e devolveu as obras que ainda estavam expostas no local.

Entre as obras levadas pela filha estavam "O Sono", de Tarsila do Amaral; "O menino", de Alberto Guignard; "Mascaradas", de Di Cavalcanti; "Maquete para o meu espelho"; de Antônio Dias; e "Elevador Social"; de Rubens Gerchman. Duas obras foram expostas no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, na Argentina, e ainda não foram recuperadas.

Por meio de nota, Eduardo F. Costantini diz que adquiriu quatro obras "dessa importante coleção de arte moderna brasileira" por meio do galerista Ricardo Camargo e que "duas dessas obras pertenciam à filha de Boghici". De acordo com ele, as compras foram feitas de "boa-fé e foram devidamente registradas." As peças são: “Elevador Social” (1966) de Rubens Gerchman e “Maquete para o espelho menu” (1964) de Antonio Días. Eduardo também afirma que mantém contato com Genevieve Boghici, a viúva do colecionador.

Entre os alvos da operação estão Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic, Jacqueline Stanescos, Rosa Stanesco Nicolau, Ronaldo Ianov, Slavko Vuletic e Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger.

Conheça as obras:

O Sono: avaliado em R$ 300 milhões foi pintado por Tarsila do Amaral em 1928, utilizando a técnica óleo sobre tela. É do mesmo período do quadro mais famoso da pintora, "Abaporu". “Em O Sono, ela tentou descrever o início do sono, o começo da passagem para o estágio de latência”, explicou a sobrinha-neta da artista Tarsila do Amaral, a Tarsilinha, numa entrevista em 2012.

Sol Poente: obra de Tarsila do Amaral, de 1929, avaliada em R$ 250 milhões. Trata-se de um óleo sobre tela da fase antropofágica da obra da artista. Faz parte de um grupo de quadros “que contam com cores fortes, que mostram figuras do imaginário, dos sonhos e de lembranças de infância”, de acordo o site oficial da pintora.

Pont Neuf: óleo sobre tela de 1923, de Tarsila do Amaral, o quadro retrata um conjunto de planos interligados, alicerçado na simplificação geométrica e na contenção formal. Foi pintado depois de uma viagem da artista à França, em 1922, onde conheceu André Lhote, pintor, crítico e professor de arte, que foi seu mestre. Obra está avaliada em R$ 150 milhões.

Ela e Aquarela sem título: ambas de Cicero Dias, avaliadas em R$ 1 milhão, cada. São duas aquarelas da década de 1920. O pernambucano transitou por diferentes vertentes da pintura ao longo de sua carreira e destacou-se por ser um pintor em uma busca constante por diversas formas de se expressar.

Desenho representando uma paisagem: de Alberto Guignard, avaliada em R$ 150 mil. O desenho é datado de 1935, medindo 50x60cm Nascido em Nova Friburgo, o artista ficou famoso por retratar paisagens mineiras.

Rue Des Rosiers e Eglise Saint Paul: ambas de Emeric Marcier, avaliadas em R$ 150 mil, cada. Óleo sobre tela. O pintor nasceu na Romênia e se naturalizou brasileiro. Sua obra é centrada nas paisagens e temas religiosos, aliando o ideário do expressionismo europeu aos sentimentos do barroco mineiro.

Porto de pesca em Hong Kong, de Kao Chien-Fu, avaliada em R$ 1 milhão. É um nanquim sobre papel da década de 1920

Coruja ao luar, de Kao Chi-Feng, avaliada em R$ 1 milhão . Também é um nanquim sobre papel da década de 1920.

Retrato: óleo sobre tela de Michel Macreau, avaliada em R$ 150 mil. Pintor francês do pós-guerra e contemporâneo nascido em 1935, Macreau teve trabalhos expostos em galerias e museus importantes pelo mundo.

Mulher na Igreja: óleo sobre tela de Ilya Glazunov, avaliada em R$ 500 mil. Glazunov é um famoso artista e professor, fundador da Academia Russa de Pintura, Escultura e Arquitetura. O artista conquistou reconhecimento e admiração universal por seu talento e trabalho árduo.

Mascaradas: de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 1,5 milhão. O pintor brasileiro, apesar da influência cubista e surrealista, foi um dos mais típicos pintores brasileiros pela representação dos temas populares, como o carnaval, as mulatas, o samba, as favelas e os operários.

O Menino, de Alberto Guignard, avaliada em R$ 2 milhões é um óleo sobre madeira. O artista nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro em 25 de fevereiro de 1896. Foi pintor, professor, desenhista, ilustrador e gravador.

Maquete para meu espelho: de Antonio Dias, avaliada em R$ 1,5 milhão. Considerado um dos artistas contemporâneos brasileiros mais importantes, Antonio Dias marcou a história da arte ao produzir trabalhos conceituais repletos de críticas ao governo, à opressão, à sociedade e ao próprio mercado de arte.

Elevador Social: de Rubens Gerchman, avaliada em R$ 1,5 milhão. É uma acrílica sobre madeira de 1966. Faz parte de um conjunto de obras críticas da situação brasileira, entre as quais também se encontram Caixas de Morar e Ditadura das Coisas, apresentadas pela primeira vez na coletiva Opinião 66.

Fonte: Valor Invest

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