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Queda do preço da gasolina teve efeito mínimo por ora, segundo pesquisa Datafolha de julho O presidente Jair Bolsonaro (PL) tinha um grande fator para reduzir este mês a diferença que o separa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas: a redução do preço da gasolina na bomba, efeito tanto da mudança de cálculo do ICMS sobre o produto quanto de toda pressão do governo sobre a Petrobras. A queda do preço da gasolina impacta diretamente na inflação, que é um sangradouro de votos para o incumbente.Leia mais:Bivar sinaliza desistência de pré-candidatura para apoiar LulaAgressão às urnas eletrônicas é ataque ao voto dos mais pobres, afirma FachinCentrais sindicais assinam carta em defesa da democraciaO efeito político surpreendentemente foi mínimo, de acordo com a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (28). Bolsonaro oscilou de 28% para 29% e Lula se manteve com 47% no intervalo de um mês.A gasolina não é a última bala no cartucho de Bolsonaro, para usar uma analogia do gosto do presidente. Ele ainda tem um trunfo, o pagamento dos benefícios majorados em pleno período eleitoral, como o recalibrado Auxílio Brasil, o dobrado vale-gás e os vouchers para caminhoneiros e taxistas. Tudo isso será pago ao longo do mês de agosto, já com a campanha eleitoral em marcha.A pesquisa mais decisiva para se avaliar o teto de Bolsonaro e a possibilidade da eleição se resolver no primeiro turno, portanto, deverá ser a feita dentro de 30 dias. É impressionante ainda a constância de Ciro Gomes (PDT), que obteve 8%. Em maio de 2021, ou seja, há um ano e três meses, no primeiro Datafolha já com Lula entre os candidatos, Ciro teve 6%. O pedetista vive uma lei da gafieira nas pesquisas: quem está com Ciro não sai, quem não está, não entra. Nas eleições anteriores que disputou Ciro terminou próximo a este patamar. Se haverá um processo de voto útil do antibolsonarismo na reta final a desidratar Ciro é uma questão em aberto. Por ora, não há sinais neste sentido.