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Como lidar com colegas de trabalho que não respeitam limite de horário?

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A colunista Karin Parodi responde leitora que decidiu estabelecer limites de horário em uma empresa que valoriza quem está "on" o tempo todo >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]

"Há alguns anos venho pensando em diminuir a velocidade, trabalhar menos. Sinto que o ritmo imposto pelas empresas e pelo mundo do trabalho não é o meu, me faz mal, afeta minha saúde emocional. Conversei com meu chefe para estabelecer melhor os limites de horário e quando eu deveria estar disponível. Mas a cultura da empresa valoriza quem fica 'on' o tempo todo e desde então meus colegas agem estranho, ressaltando que eles estão trabalhando mais e ficam mais disponíveis com os clientes. Minha impressão é de que as pessoas, no geral, não estão preparadas para aceitar quem quer reduzir o ritmo no trabalho. Nesse cenário, o que eu posso fazer para melhorar a relação com os meus pares?" Coordenadora de marketing, 32 anos

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Toda escolha implica em uma perda. Teu depoimento mostrou-se sincero ao você assumir que tem uma escolha pessoal que impacta na tua relação com os pares. Analisando o cenário, você está em uma empresa que o estar “on” é valorizado, ou seja, uma cultura bem clara e que você não se encaixa. Uma questão importante aqui é a tua capacidade de ter empatia frente aos colegas.

" Avalie se realmente é essa empresa que você quer trabalhar. É teu papel tomar uma decisão de mudar"

Unsplash

Empatia é a capacidade psicológica de sentir o que sentiria outra pessoa, caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. É procurar experimentar de forma objetiva e racional o que o outro sente e tentar compreender sentimentos e emoções. Uma boa dose de empatia pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso na carreira e no relacionamento interpessoal. Independente da época em que vivemos, a empatia sempre foi e será além da confiança a base de uma relação. Um time pode se sobrecarregar por um tempo, em função de alguém que deixa a equipe, está doente ou no crescimento acelerado da empresa, mas por um tempo até que a situação seja resolvida. Frente à essa situação, avalie se realmente é essa empresa que você quer trabalhar. É teu papel tomar uma decisão de mudar. Quais outras opções você tem além do mundo corporativo, que levem em conta mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional?

Mudar implica em desenhar bem o teu novo passo de carreira levando em conta aspectos tangíveis. Caso queira continuar em uma empresa, leve em conta a remuneração, localização, segmentos de mercado, dentre outros, mas invista muito mais tempo na avaliação da cultura e valores da empresa aspectos que muitas vezes não estão explícitos.

Pesquise qual a imagem da empresa, governança, se há alto turnover, casos de burnout, sites de reputação e prêmios recebidos em relação à empresa no que tange à gestão de pessoas. Um ponto importante é saber o quanto a empresa valoriza o foco nos resultados. Ter ferramentas para avaliação de desempenho e competências são fundamentais para uma gestão por resultados. A essência da gestão por resultados é a definição dos objetivos, a escolha das ações e a tomada de decisão de forma participativa, ou seja, as lideranças e seus liderados. Vá em busca de empresas que praticam gestão de equipes por resultados.

Mas ainda tem uma peça muito importante que fará toda diferença neste novo desafio. O teu líder. A empresa pode valorizar o estar "off", mas e o teu líder? É com ele que você estará no dia a dia. Para minimizar expectativas frustradas dos dois lados, sugiro esse passo a passo com teu líder. Repasse os objetivos estratégicos da empresa e da tua área. Defina em conjunto os teus objetivos, metas e prazos. Monitore e se reúna com teu gestor para ver se o que foi definido está sendo alcançado e possíveis correções de rota. E por fim, de acordo com as políticas de remuneração da empresa, negocie o bônus e outras recompensas praticadas.

Frente ao cenário que você apresenta, será um belo desafio você tentar conquistar teus pares. Sem dúvida muitas pessoas têm dificuldade em aceitar essa tua escolha, mas como coloquei, todos nós poderíamos desenvolver mais a empatia. Não deixe chegar ao ponto que isso se torne um conflito, converse com essas pessoas, exercendo a escuta ativa. Seria bom conhecer um pouco mais do que pensam. O conflito pode ser produtivo quando acontece com um sólido senso de confiança em ambos os lados. Essa conversa pode ser difícil para ambos os lados, mas é uma grande oportunidade para conhecer um pouco mais sobre os valores e comportamentos dos teus pares e se colocar a respeito das tuas escolhas.

E para fechar, vá mais a fundo sobre o que você espera do mundo do trabalho e das empresas. Acredito que essa reflexão seja fundamental para você buscar novas alternativas de carreira. Boa sorte.

Karin Parodi é fundadora e CEO da Career Center e membro do board da ACFInternational - Association of Career Firms. Especializada em projetos de Carreira e RH.

>> Envie sua dúvida de carreira, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]

Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.

Fonte: Valor Invest

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