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Jornal da Manhã

"Polícia extremamente violenta", critica integrante do Instituto Sou da Paz sobre operação no RJ

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A ação da Polícia do Rio de Janeiro no Complexo do Alemão, comunidade na Zona Norte da capital fluminense, realizada nesta quinta-feira, 21, terminou com 18 mortos confirmados pelas autoridades. A Defensoria Pública afirma que há indícios de violação de direitos, em mais uma tragédia que fará parte de um estudo sobre a violência do Instituto Sou da Paz, que promove levantamentos há pelo menos 20 anos. O Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o gerente de relações institucionais do Sou da Paz, Felipe Angelli, para avaliar a operação. O especialista classificou o ocorrido como “mais uma tragédia” e criticou a atuação da polícia fluminense: “A polícia é extremamente violenta nas suas operações, em relação àquela população que está vivendo, em seu comércio e seu trabalho. O Alemão é um bairro pobre, mas com pessoas que trabalham, se locomovem, precisam ir à escola e, vira e mexe, estão com esse tipo de operações sendo realizadas. Vai melhorar a situação do Alemão? Essa é a operação definitiva? Se for, até faria algum sentido, mas a gente sabe que não é. Daqui uma semana gente vai estar comentando outra operação da mesma forma”.

“Temos bairros extremamente populosos, com densidade demográfica muito alta, onde você tem operações policiais com nível de agressividade e confronto que coloca toda aquela população em risco. Em que pese a presença de criminosos, nesses ambientes a gente vê, ao longo de décadas, a quantidade de civis e toda aquela população ali à mercê desse confronto, dessas operações de guerra que não resolvem. A gente está na quarta operação com o maior número de mortos da história do Rio de Janeiro. Ou seja, começa a virar uma rotina que operações tenham dezenas de mortos, o que não se pode dizer que é o trabalho de uma polícia profissional e técnica, mas sim de um grupo que é orientado basicamente ao confronto em um ambiente extremamente populoso, densamente povoado, com uso de armamento de guerra e que ninguém está a salvo, pois é um uso de armamento cujo o projétil ultrapassa paredes e pessoas são feridas. Uma pessoa foi morta, por exemplo, dentro de um carro e estava se locomovendo pelo local. É uma história comum e banal no Rio de Janeiro”, detalhou.

Angelli também deu seu posicionamento sobre quais ações poderiam ser tomadas para a melhora da política de segurança pública do Rio de Janeiro. Para o especialista, é necessário um trabalho maior de inteligência para prender os criminosos: “Já há protocolo e conhecimento técnico produzido. É necessário realizar investigações, uma polícia com inteligência. Foi apreendia uma arma .50 [fuzil], uma apreensão importante. Mas, como aquele armamento chegou ali? Muito mais importante e efetivo do que ter esse tipo de confronto é ter investigações que possam prender essas quadrilhas. Parece que havia uma investigação sobre roubo de veículos. Se há roubo de veículos, há receptadores e pessoas fazendo esse comércio ilegal. Uma Polícia Civil consegue fazer uma investigação se ela for técnica e profissional, e não apenas um bando armado que repete essas operações”.

“Esse é o ponto, há presença de criminosos fortemente armados, não se trata de menosprezar a gravidade da situação do Rio de Janeiro. Mas o resultado está aí e a gente sabe que isso não muda absolutamente nada. Se era uma situação ligada ao crime de roubo de veículos, cadê esses receptadores? Cadê a investigação? Cadê uma polícia profissional e técnica? A gente gasta muito dinheiro com o Estado e a segurança pública, então o serviço tem que ser profissional e técnico, e não um bando armado. Para isso a gente já tem os traficantes”, argumentou.

O entrevistado foi questionado sobre os posicionamentos do Instituto Sou da Paz contra a utilização de armamento pesado em São Paulo e defendeu que o patrulhamento com fuzis não beneficia as ações policiais: “Seria até amadora a aquisição de armas mais potentes pela polícia do Estado de São Paulo há mais de 20 anos e ela tem várias tropas especializadas que óbvio que precisam de armamentos diferenciados. O que a gente falou nessa ocasião foi se posicionar contra o patrulhamento nas ruas do Estado de São Paulo com fuzis, como acontece no Rio de Janeiro e que gera a todo tempo bala perdida e crianças mortas. Foi isso que a gente fez… Em São Paulo existe há muito tempo tropas de choque como a ROTA, que tem armamento especializado e super ofensivo, para operações especiais, não para patrulhamento na rua, porque não há polícia técnica profissional no mundo que trabalha com fuzil na rua. O resultado é catastrófico, como no Rio de Janeiro”.

Fonte: Jovem Pan

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