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Democracia no Brasil está ameaçada, afirmam parlamentares europeus em missão no país

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A democracia corre risco no Brasil avaliam parlamentares europeus dos Verdes que estão em missão de dez dias no país. “Falamos com muitas pessoas da sociedade civil e da Academia e vimos que as pessoas estão realmente assustadas com a violência”, disse ao Valor a deputada francesa Michèle Rivasi, membro do Parlamento Europeu desde 2009.

“Temos o exemplo do que aconteceu com Bruno Pereira e Dom Philips (indigenista e jornalista britânico assassinados na Amazônia em junho). Fizemos uma forte resolução sobre o tema há alguns dias”.

“Vimos que Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e candidato à Presidência pelo PT ), tem usado um colete à prova de balas. Quem está perto dele está realmente assustado”, continuou Michèle Rivasi. "E é apenas o início da campanha. Em dois meses, talvez, esteja pior”, seguiu a eurodeputada francesa. “Em Bruxelas, não tínhamos ideia deste quadro. Somente quando chegamos aqui”, afirmou.

“A construção da União Europeia é baseada em valores. Particularmente o respeito aos direitos humanos, à democracia e à igualdade, são valores fundamentais na UE. O que acontece agora no Brasil, onde direitos humanos não são respeitados e há muitas ações que não correspondem a estes valores, nos questiona sobre o que está acontecendo aqui em termos de democracia”, completou Claude Gruffat, pioneiro na agricultura orgânica na França e que trabalha, no Parlamento Europeu, para regras que incentivem o mercado justo no bloco. “É uma das razões da nossa vinda agora, antes das eleições, para entender este cenário ”, observou.

Além dos dois eurodeputados franceses, a missão de dez pessoas é liderada pela alemã Anna Cavazzini, vice-presidente da delegação do Parlamento para relações com o Brasil.

“Trabalhamos muito com o Brasil e os temas que se relacionam ao Parlamento Europeu, como a Amazônia, o desmatamento, os agrotóxicos e os direitos humanos. Nesta viagem, basicamente, queremos encontrar pessoas e ter informações da sociedade civil, dos sindicatos, de pessoas de negócios e de políticos. Queremos aprender e ter bons dados para nosso trabalho na Europa e também apoiar os que, no Brasil, lutam contra o desmatamento, querem ter outro sistema agrícola e defendem direitos humanos e o respeito aos povos indígenas”, explicou ela.

Cerimônia do Dia do Exército, em Brasília: segundo deputada dos Verdes, presidente Bolsonaro não tem boa reputação na Europa

: Isac Nóbrega/PR

Os eurodeputados trabalham nas comissões de proteção ao consumidor, no acordo União Europeia-Mercosul e nas legislações que proíbem a importadores europeus comprarem produtos relacionados ao desmatamento.

Em discussão, agora, está um texto da Comissão de Meio Ambiente que reconhece a importância de abranger outros biomas na proibição além da Amazônia, quer uma auditoria mais rigorosa às commodities importadas do que a certificação e recua a data de corte para o desmatamento zero de 2021 para 2019.

O texto, que ainda deve tramitar pelas várias esferas do bloco, inclui milho e carnes processadas na lista de produtos que deveriam ser submetidos à auditoria. Instituições financeiras e fundos que investirem em empresas associadas ao desmatamento e desrespeito aos direitos humanos também seriam atingidos pela legislação.

Há dois anos, o Parlamento votou uma resolução dizendo que o acordo UE-Mercosul não deveria ser aprovado nas bases em que estava. “Desde então, o acordo está congelado. A Comissão Europeia (o braço executivo da EU) está tentando ter salvaguardas adicionais. Mas a minha interpretação é que com o governo Bolsonaro isso pode não funcionar”, disse Anna Cavazzini.

“Bolsonaro [presidente Jair Bolsonaro-PL] não tem boa reputação na Europa e muitos iriam resistir em assinar com ele no poder. E, tendo estes números recorde de desmatamento, neste momento o clima é de "com Bolsonaro não há acordo"”, afirmou a deputada Verde, analisando o cenário em que o mandatário ganhe a eleição deste ano.

“Com alguma outra pessoa no poder, e não Bolsonaro, provavelmente haverá outra dinâmica. Depende, por exemplo, do que Lula fará com o acordo, se ele quiser renegociar ou avançar com o acordo como está. Neste momento não vejo maioria, na Europa, para aprovar o acordo como está”, disse ela.

“Nós, verdes, vemos muitos problemas. Pensamos que levará a mais desmatamento, ao uso de mais pesticidas e potencialmente pode trazer problemas no desenvolvimento do Brasil porque haverá produtos mais competitivos europeus. Com Lula, a crítica que existe hoje é que seu ponto de vista não é muito próximo ao meio ambiente, pende mais pelo lado das preocupações dos trabalhadores. Ou seja, nós queremos renegociar o acordo ou nada”.

A missão europeia chegou a São Paulo na semana passada para reuniões com cientistas e pesquisadores, políticos de oposição, lideranças indígenas e sindicais, representantes do varejo e do agronegócio e de câmaras de comércio.

O grupo seguiu nesse domingo (17) para a Amazônia. A agenda prevê outros encontros com lideranças indígenas e ambientalistas, representantes de movimentos sociais e institutos de pesquisa. A visita termina em Brasília, na sexta-feira (22). Ali, os parlamentares encontrarão parceiros internacionais, outros políticos e ambientalistas.

Fonte: Valor Invest

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