O governo do italiano Mario Draghi pode estar com os dias contatos após o aumento das tensões políticas e a perda, nesta quinta-feita, 14, do apoio do Movimento 5 Estrelas (M5E, antissistema), membro da coalizão, que informou que não vai votar no Senado a confiança em um decreto-chave. O anúncio da não participação já tinha sido adiantado na noite de quarta por Giuseppe Conte, ex-chefe de governo e atual líder do M5E, que informou que os senadores de seu partido não comparecerão ao voto de confiança, o que de fato produziria uma crise de governo, ao perder a maioria para governar.
Por diversas vezes, Draghi falou que sem o apoio do M5E encerraria o seu mandato, apesar de o partido antissistema, vencedor das eleições de 2018 com 32% dos votos, estar em plena desordem e muitos de seus parlamentares (cerca de 50) terem emigrado para outros partidos. A recusa de Conte se deve ao fato de que o decreto-lei proposto por Draghi, com medidas para ajudar famílias e empresas contra a inflação, também contém um projeto para construir um incinerador de lixo para Roma, ao qual os antissistemas se opõem energicamente por considerá-lo caro, poluente, ineficiente e ultrapassado como tecnologia.
Uma queda do governo provocaria eleições antecipadas e os próximos meses vão ser complicados devido ao aumento da inflação e às reformas pendentes exigidas para o plano de recuperação financiado pela União Europeia, que concedeu cerca de 200 bilhões de euros (quase o mesmo valor em dólar). É provável que Draghi, que teve que enfrentar a campanha de vacinação contra a Covid-19 e a crise gerada pela guerra russa contra a Ucrânia com todas as suas consequências políticas e econômicas, tenha que entregar a grave situação ao presidente Sergio Mattarella e acabar renunciando. Como o sistema parlamentar que governa a Itália é complexo, não se exclui a possibilidade de que ele obtenha um novo mandato e possa governar com outra maioria.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan