A saída ocorre após uma semana complicada em que o dólar bateu um novo recorde contra o peso e protestos pela escassez de diesel eclodiram pelo país Martin Guzman
Ministério da Economia da Argentina
O ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, renunciou ao cargo neste sábado. A saída ocorre após uma semana complicada em que o dólar bateu um novo recorde contra o peso e protestos pela escassez de diesel eclodiram pelo país. Nenhum substituto foi anunciado de imediato pelo governo do presidente Alberto Fernández.
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Guzmán anunciou sua decisão em uma carta de sete páginas publicada no Twitter. “Com a profunda convicção e confiança em minha visão de qual é o caminho que a Argentina deve seguir, continuarei trabalhando e agindo por uma Pátria mais justa, livre e soberana”, disse.
A saída do ministro ocorre no momento em que os argentinos também vivem um momento de inflação elevada, após um aumento nos preços de alimentos e energia que ocorre em todo o mundo.
A renúncia de Guzmán também aumenta as dúvidas sobre se a Argentina pode cumprir um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), cujas metas e objetivos para o segundo semestre são considerados muito desafiadores para o governo de Fernández.
Guzmán perdeu o apoio este ano da ala de extrema esquerda da coalizão controlada pela vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner. Parlamentares leais a ela no Congresso votaram contra o acordo do FMI que Guzmán negociou, embora o financiamento para o acerto tenha sido aprovado pelo legislativo com amplo apoio.
Acordo com o FMI
Ao longo de seu mandato de quase 31 meses, Guzmán reestruturou US$ 65 bilhões em títulos internacionais com credores privados em 2020, ajudou a melhorar o mercado de dívida local da Argentina e depois liderou as negociações para o acordo de US$ 44 bilhões com o FMI.
Embora os acordos tenham dado tempo ao governo para reembolsar Wall Street, nenhum deles aumentou a confiança dos investidores na Argentina. Os preços dos títulos do país oscilam em território acima de 20 centavos de dólar.
Guzmán também reduziu significativamente o déficit fiscal do governo no ano passado, depois de ter disparado com a pandemia, em 2020. Cristina criticou fortemente o aperto em setembro passado, depois que a coalizão governista perdeu as eleições de meio de mandato.
Disputa com Cristina Kirchner
Um dos ministros mais leais do presidente, a renúncia de Guzmán revela a divisão interna do governo entre Fernández e Kirchner. No mês passado, o presidente foi forçado a pedir a renúncia do ministro da Produção, Matias Kulfas, depois que ele supostamente criticou Cristina Kirchner em mensagens de texto para a imprensa.
Guzmán tinha brigado com alguns dos deputados leais a Cristina. Em maio de 2021, a imprensa argentina local noticiou uma divergência política entre Guzmán e um funcionário do segundo escalão do Ministério da Energia. Como principal formulador de políticas econômicas, Guzmán tinha o controle sobre o Ministério da Energia, mas o funcionário, alinhado com Cristina, supostamente se recusou a renunciar e permaneceu em seu cargo.
Desde que o governo selou o acordo com o FMI, o foco de Fernández também mudou para questões econômicas que foram tratadas principalmente por outros ministros. Em março, o presidente declarou “guerra à inflação” e disse aos ministros que tomassem “todas as medidas necessárias” para combater a inflação elevada, mas a alta nos preços continuou.
Embora Guzmán tenha desempenhado um papel importante na estratégia contra inflação, as medidas sobre os preços foram lideradas principalmente por autoridades próximas a Cristina.
Fonte: Valor Invest