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Martins Kazaks, membro do conselho do BCE, avalia que a alta deve ser maior que 0,25 ponto percentual se houver indício de que a inflação está alimentando as expectativas O Banco Central Europeu (BCE) deve considerar um aumento inicial de juros acima do 0,25 ponto percentual planejado para o mês que vem se houver indícios de que a inflação alta está alimentando as expectativas, segundo Martins Kazaks, membro do conselho da autoridade monetária.Leia mais: Lagarde reitera firmeza no combate à inflação e cita Da Vinci e Victor Hugo em fórum em Sintra“Se virmos que a situação piorou, que a inflação está alta e virmos notícias negativas em termos de expectativas de inflação, então, na minha opinião, intensificar o aumento seria uma escolha razoável” Kazaks, o chefe hawkish do banco central da Letônia, disse à Bloomberg Television em Sintra, Portugal.O BCE deve acompanhar “o que acontece no mercado de trabalho, o que acontece com a ancoragem das expectativas – ou se as expectativas começarão a subir”, disse.Os mercados monetários aumentaram suas apostas após os comentários de Kazaks, precificando 1,63 ponto percentual de alta de juros este ano, contra 1,58 na segunda-feira.Os dirigentes do BCE se reúnem em seu retiro anual em um momento em que crescem as preocupações sobre as implicações do primeiro aumento de juros em mais de uma década no próximo mês. Há muito o que discutir: à medida que o custo do dinheiro aumenta, os investidores se preocupam com a repetição da crise da dívida europeia, enquanto as ameaças de um corte de energia na Rússia alimentam os temores de uma desaceleração econômica.Sede do Banco Central EuropeuKrisztian Bocsi/BloombergKazaks chamou o risco de uma recessão de “não trivial”, já que a alta dos preços inibe o consumo. Mesmo assim, ele disse acreditar que as taxas podem ser aumentadas “bem rapidamente”.O BCE receberá mais informações sobre a inflação no final desta semana. As expectativas para o número que será divulgado na sexta-feira é de um novo recorde. Até agora, a alta de preços já superou em quatro vezes a meta de 2% do BCE.Enquanto isso, aumenta a pressão sobre o BCE para que anuncie um novo instrumento para evitar o pânico nos mercados de dívida soberana à medida que sobe juros. Em uma reunião de emergência neste mês, após uma explosão nos prêmios de risco dos títulos italianos, a empresa concordou em acelerar o desenvolvimento de um instrumento de crise.A presidente do BCE, Christine Lagarde, que discursou hoje na conferência, e vários de seus colegas dizem que o chamado instrumento antifragmentação é necessário para proteger os esforços para domar a inflação, embora ainda não tenham revelado todos os detalhes.Kazaks disse que é importante que a fragmentação “não atrapalhe a normalização da política monetária”. Medidas para compensar um potencial efeito de estímulo das compras de títulos podem fazer parte do novo mecanismo, disse.(Colaboraram James Hirai, Jana Randow e Alexander Weber)