Senado vai convidar Parlamento Europeu para observar eleições e contornar veto do governo
A decisão foi tomada depois que ministros do Tribunal Superior Eleitoral informaram a senadores que o governo de Jair Bolsonaro tinha vetado a presença de uma equipe da União Europeia (UE) no Brasil durante o pleito Senadores decidiram convidar o Parlamento Europeu para observar as eleições brasileiras neste ano. A decisão foi tomada depois que ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se reuniram com um grupo de senadores e informaram que o governo de Jair Bolsonaro tinha vetado a presença de uma equipe da União Europeia (UE) no Brasil.De acordo com parlamentares, o relato foi feito pelos ministros Alexandre de Moraes, que integra o tribunal, e Luís Roberto Barroso, que presidiu a corte eleitoral até fevereiro.O TSE chegou a enviar uma carta para a UE em março, convidando o bloco para se somar a entidades que vão acompanhar o pleito brasileiro. Uma delegação europeia já visitaria o país neste mês.A iniciativa causou contrariedade no Palácio do Planalto, segundo os magistrados relataram aos senadores.O Itamaraty emitiu até mesmo um comunicado dizendo que não era "da tradição do Brasil ser avaliado por organização internacional da qual não faz parte".De acordo com o colunista Jamil Chade, do UOL, a reação do governo levou o TSE a "desconvidar" os europeus para a missão.O senador Renan Calheiros (MDB-AL) relatou à reportagem que um grupo de senadores formado também por Tasso Jereissati (PSDB-CE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Simone Tebet (MDB-MS), Marcelo Castro (MDB-PI) e Eduardo Braga (MDB-AM) decidiram chamar os observadores de outros parlamentos do mundo para observarem as eleições.De acordo com Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, já deu aval à proposta. "Já estou preparando o convite", afirma ele.O TSE está mobilizado para dar a maior transparência possível ao processo eleitoral brasileiro como meio de se contrapor às tentativas de Bolsonaro de desacreditar as urnas eletrônicas.Entre outras medidas, a corte criou uma Comissão de Transparência das Eleições integrada por representantes de diversos órgãos e universidades – e inclusive pelas Forças Armadas.Bolsonaro, que aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem insistido que o processo de votação pode ter falhas e chegou até mesmo a dizer que as Forças Armadas deveriam participar da contabilização dos votos.Ruy Baron/Valor