O secretário-geral da ONU, António Guterres, se encontrou na quinta-feira, 28, com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky e lamentou que o Conselho de Segurança “fracassara” em pôr fim à guerra. Ele disse estar fazendo todo o possível para evacuar civis da usina metalúrgica Azovstal, na cidade de Mariupol, na Ucrânia, onde cerca de mil pessoas permanecem refugiadas junto com aproximadamente dois mil soldados ucranianos. “Fazemos todo o possível para tornar isso uma realidade. Minha primeira e única prioridade são as pessoas que estão sofrendo e que precisam ser resgatadas”, afirmou Guterres, durante entrevista coletiva após se encontrar com o presidente ucraniano.
Embora tenha descartado falar de prazos específicos, Guterres ressaltou que vai tornar realidade a evacuação de Mariupol. “É uma crise dentro de uma crise. Enquanto continuamos a exigir um cessar-fogo em grande escala, continuamos também pedindo medidas práticas imediatas para salvar vidas e aliviar o sofrimento”, admitiu o diplomata português. Durante o encontro, ele também falou sobre corredores humanitários eficazes, cessação de hostilidades em nível local e passagens seguras para civis e rotas de abastecimento.
Zelensky assegurou que acha possível um resultado bem-sucedido no desbloqueio de Azovstal e que a Ucrânia está aberta a negociações imediatas para retirar as pessoas da siderúrgica. “Esperamos um tratamento humano para essas pessoas por parte da Rússia. Esperamos que parte da missão do secretário-geral seja eficaz”, afirmou. O encontro entre o líder russo e o secretário-geral da ONU aconteceu ao mesmo tempo em que Kiev, capital ucraniana, Kiev, voltou a ser alvo de ataques. O bombardeio, que deixou ao menos três pessoas feridas, foi confirmado pelas autoridades russas. “Armas de alta precisão e longo alcance das Forças Aeroespaciais Russas destruíram os prédios de produção do míssil Artyom e da empresa em Kiev”, afirmou o ministério russo da Defesa. Esse foi o primeiro ataque das tropas de Vladimir Putin a capital da Ucrânia desde o final de março, quando ele anunciou que iria reduzir “drasticamente” os ataques na região.
Por meio de um vídeo publicado no Telegram, o presidente Volodymyr Zelensky se pronunciou sobre o ocorrido. “Esses bombardeios dizem muito sobre os esforços dos dirigentes russos para humilhar a ONU e tudo o que esta organização representa”, disse. O presidente assinalou que cinco mísseis caíram na cidade imediatamente depois da reunião que teve com o representante da ONU. “Isso requer uma forte reação, com a mesma intensidade”, declarou. Guterres foi para a Ucrânia para conversar com o chefe de Estado e discutir a situação no país que há três meses sofre com a guerra iniciada pela Rússia. Antes de ir para o Leste Europeu, ele estava em Moscou, onde se encontrou com Putin. Essa é a primeira viagem do secretário aos dois países desde que o conflito começou. Guterres e sua comitiva ficaram chocados com a proximidade do bombardeio russo, embora todos estejam seguros, disse um porta-voz da ONU.
Jovem Pan