Razor busca crowdfunding para fase de nova expansão e ampliar o portfólio de produtos

Razor busca crowdfunding para fase de nova expansão e ampliar o portfólio de produtos
Startup brasileira de PCs de alta performance está captando R$ 5 milhões para continuar dobrando de tamanho a cada ano Consolidada no mercado de computadores de alta performance voltados ao público profissional, a Razor está prestes a captar R$ 5 milhões por meio da Kria, plataforma de equity crowdfunding. O objetivo é ampliar seu portfólio, entrando no segmento de notebooks. Até a primeira quinzena de abril, cerca de 420 investidores já haviam garantido mais de R$ 4,6 milhões em oferta aberta ao público até o final de maio ou até atingir os R$ 5 milhões. Foi a maior rodada de captação nesse estilo para uma empresa de hardware no Brasil.

A Razor foi criada em 2014 pelo gaúcho Grégory Reichert, aos 19 anos, na garagem da casa de sua família, em Passo Fundo (RS), inicialmente como uma assistência técnica para computadores. No ano seguinte, seu irmão André, cinco anos mais velho, investiu todas as suas economias, que somavam R$ 5 mil, e se tornou sócio do negócio. Mudaram o foco da empresa e passaram a produzir e vender estações de trabalho com a marca Razor. Hoje, a empresa é avaliada em R$ 52 milhões – um valor 288% maior do que os R$ 18 milhões estimados há um ano e meio, quando captou R$ 1,8 milhões de 140 investidores que participaram da primeira oferta de crowdfunding pela Kria.

A Razor é especializada em um nicho específico de mercado: a fabricação de estações de trabalho, ou workstation, com alto poder de processamento e capacidade gráfica. São máquinas que custam, em média, R$ 15 mil, mas podem chegar a centenas de milhares de reais, voltadas a engenheiros, arquitetos, editores de vídeo e outros profissionais que trabalham com projetos de renderização, computação gráfica, animações, big data e machine learning, só para citar alguns exemplos.

Venda consultiva

Um dos principais diferenciais da Razor é a venda consultiva, em que a empresa primeiro entende as reais necessidades de cada cliente para então oferecer máquinas com as melhores versões dos componentes que eles realmente precisam. E sem o que é desnecessário àquele cliente, diferentemente do que costuma acontecer com as linhas de workstation das grandes marcas de computadores, que oferecem poucas versões de seus produtos.

Dessa forma, segundo Grégory, a Razor consegue oferecer computadores mais eficientes por preços menores do que os praticados pelas grandes marcas. Um exemplo é a workstation profissional de uma das marcas mais cobiçadas do mundo, que no Brasil é vendida por cerca de R$ 70 mil. “Nossa máquina com desempenho equivalente custa R$ 16 mil”, ele afirma. “A gente brinca que, na Razor, você pode comprar uma maçã a preço de banana.”

Na própria Razor, no entanto, os preços podem ser bem maiores, conforme a configuração exigida pelo cliente. “Até hoje, a máquina mais cara que vendemos saiu por R$ 290 mil”, ele lembra. A lista de clientes inclui nomes como Petrobras, Itaú, Instituto Butantan, USP, Globo, SBT, SAP, SAAB e Samsung.

Desde que focou nesse nicho, o crescimento tem sido exponencial. Em 2016, a Razor faturou R$ 1 milhão. Em 2019, bateu nos R$ 5 milhões. No ano seguinte, dobrou o resultado – e repetiu o feito em 2021, quando vendeu R$ 22 milhões em computadores. Para este ano, a previsão é novamente dobrar a receita.

A gente brinca que, na Razor, você pode comprar uma maçã a preço de banana.

Bancos, fundos e crowdfunding

Nesse caminho, um dos maiores desafios dos irmãos Reichert tem sido financiar a expansão do negócio. Da família, conseguiram menos de R$ 100 mil, incluindo os R$ 5 mil aportados por André no início da jornada. Nos primeiros anos, a urgência de capital para investir em marketing e adquirir componentes obrigou a Razor a recorrer aos bancos. “Fizemos empréstimos em praticamente todos os bancos do País”, recorda Grégory. “Naquele tempo, a Selic estava em 14% e a gente pagava 2,5% de juros ao mês. Isso destruía a empresa.”

A Razor passou a sonhar então com o instrumento mais utilizado no ecossistema das startups: as rodadas de investimento dos fundos de venture capital e private equity. Ainda mais depois de ter sido uma das 60 empresas brasileiras selecionadas, entre mais de 5 mil inscritas, para participar do programa de aceleração de startups ScaleUp Endeavor, em 2019.

Até hoje, porém, esse caminho não rendeu frutos, apesar de os irmãos Reichert já terem apresentado os planos de expansão da Razor para mais de 170 fundos. “Esses investidores só têm interesse em fintechs e empresas de software”, afirma André. “Talvez seja por isso que existam tão poucos empreendedores seguindo o mesmo caminho que a gente.”

No crowdfunding, eles encontraram uma porta aberta. A modalidade, regulamentada em 2017 pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia ligada ao Ministério da Economia, por meio da Instrução CVM nº 588/2017, estabelece os critérios para investimentos coletivos em negócios que ainda não atingiram o estágio suficiente para acessar o mercado de capitais tradicional. Entre eles, o limite de captação de R$ 5 milhões e diversas exigências, como publicar na plataforma os dados contábeis da empresa, o plano de investimento, a relação de sócios e sua participação no negócio (cap table).

Criada do zero há oito anos, Razer está avaliada em R$ 52 milhões e busca investidores para continuar dobrando de tamanho a cada ano

Divulgação

Para onde vai o dinheiro

Com o capital levantado na primeira rodada (R$ 1,8 milhão), os irmãos Reichert mudaram a empresa para uma sede maior, que fabricou 1,5 mil máquinas em 2021, tem capacidade instalada para produzir até 10 mil e suporta expansão de até 25 mil. Além disso, aumentaram a equipe de 28 para 47 pessoas e realizaram investimentos em marketing.

Os R$ 5 milhões que estão captando agora serão usados principalmente para resolver um dos maiores gargalos ao crescimento das vendas: a falta de produto para pronta entrega. “Para muita gente, computador é que nem geladeira: a pessoa só troca quando o atual quebrou e aí precisa do novo para ontem”, compara Grégory. “E o nosso prazo de entrega hoje é muito elevado, de 80 a 90 dias. A gente perde muito desse pessoal por não ter produto a pronta entrega.”

Além de aumentar o estoque de peças, a Razor entrará no segmento de notebooks. Investirá também no aperfeiçoamento do seu processo de e-commerce, na ampliação das vendas em marketplaces e em ações de marketing com o foco em se tornar referência em PCs de alta performance para o mercado profissional.

Adquirir participação na Razor ou em qualquer empresa captando recursos por meio de crowdfunding é considerado um investimento arriscado. É preciso estar preparado para, na pior das hipóteses, perder todo o capital investido.

E mesmo que a empresa cresça muito e dê muito dinheiro, não há como saber quando será possível realizar o lucro. Como ainda não há mercado secundário para negociação de títulos de crowdfunding, as possibilidades de saída atuais são três: fusão com uma empresa maior, aquisição por um fundo de investimento ou abertura do capital na bolsa (IPO), esta última considerada a opção mais distante na avaliação dos fundadores da Razor.

Se uma dessas hipóteses se concretizar, no entanto, o alto risco e a liquidez incerta podem ser compensados com um retorno exponencial, como o da valorização teórica de 288% verificada no período de pouco mais de um ano entre as duas rodadas de crowdfunding.

“O mercado global para o nosso tipo de produto é de U$ 55 bilhões por ano e vai chegar a U$ 100 bilhões até o final da década”, afirma Grégory. “Nosso sonho é nos tornarmos cada vez mais uma autoridade em computadores de alta performance, quem sabe nos fundirmos a uma das grandes companhias do setor e transformar a Razor na maior marca mundial desse segmento.” Até que ponto eles conseguirão realizar esse sonho grande, só o tempo dirá.

Serviço: Mais informações sobre a empresa e a oferta de participação por crowdfunding podem ser consultadas na plataforma.