Produtores rurais da Argentina saíram para as ruas neste sábado, 23, para protestar contra as políticas do governo ao setor agropecuário. O ato aconteceu pelo centro de Buenos Aires e avançou pelas avenidas da zona norte da capital até chegar à icônica Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, sede do Executivo argentino. Os motivos do protesto são diversos: além de rejeitar qualquer pressão tributária adicional sobre o setor rural, os organizadores clamaram por melhor administração pública dos recursos, menos gastos políticos e maior investimento em infraestrutura produtiva, entre outros pontos. O protesto no momento em que o país vive uma forte alta nos preços internacionais das matérias-primas desde a invasão russa da Ucrânia, que favorece os agroexportadores da Argentina, um dos maiores produtores e exportadores mundiais de grãos e derivados, mas que tem impactado diretamente em uma aceleração da inflação doméstica, particularmente sobre os alimentos.
Ao todo mais de mil pessoas se reuniram em 30 tratores e centenas de carros, motocicletas e outros veículos. Outras cidades do país, como Córdoba, Tucumán e Rosário, também adotaram a iniciativa. O evento denominado como "tratoraço" não teve o respaldo institucional da chamada Mesa de Enlace, formada pelas quatro maiores associações patronais rurais da Argentina, embora tenha contado com o apoio de algumas entidades agropecuárias regionais e setores da oposição política. Um grande número de cidadãos aproveitou a ocasião para sair às ruas e expressar sua rejeição ao governo nacional, com palavras de ordem contra a corrupção política e a favor da redução de impostos.
O protesto foi questionado pelo governo argentino que informou que as reivindicações não estão não são muito claras. “Não temos dúvidas de que esta é uma marcha absolutamente política e que tem a ver com outros interesses que não a defesa dos direitos legítimos dos agricultores no campo”, comentou a porta-voz presidencial, Gabriela Cerruti, em entrevista coletiva na sexta-feira. O prefeito de Buenos Aires, o opositor Horacio Rodríguez Larreta, pediu que o governo nacional respeite esses protestos, em vez de promover confrontos entre os trabalhadores. “Dada a expectativa do anúncio de que querem aumentar os impostos, como não vão se manifestar, como não vamos apoiá-los? Esse é o motor e o futuro da Argentina”, afirmou Rodríguez à emissora “TN”.
Jovem Pan