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O ex-governador do Rio Anthony Garotinho afirmou em “live" que as chances de concorrer ao governo do Estado, nas eleições de outubro, são de 70% e que não se sente obrigado a cumprir declaração de apoio que já fez à reeleição de Cláudio Castro (PL). Há quase duas semanas, em entrevista ao Valor, Garotinho estimava em 50% sua propensão a disputar o cargo.Na transmissão pelo Facebook, Garotinho lembrou que Castro esteve em seu reduto eleitoral, em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, e prometeu uma série de obras e programas estaduais, segundo ele não realizados. “O governador disse que ia fazer, mas não faz. Se ele não cumpre, sou eu obrigado a cumprir?”, disse o ex-governador, cujo filho Wladimir Garotinho (PSD) é prefeito de Campos.Anthony Garotinho, no entanto, afirmou que, mesmo que Cláudio Castro tivesse realizado o que prometeu, há “um agravante” – e voltou a criticar o secretário estadual de Governo, Rodrigo Bacellar, braço-direito do governador e seu adversário em Campos. “O governador já foi alertado. Não posso continuar apoiando o governo, porque vai virar um escândalo. Se ele continuar a dar cobertura a esse cidadão, e a esse grupo que ele representa, não tenho como estar ao lado dele”, disse.Em 2018, Garotinho foi impedido de concorrer pela Justiça Eleitoral, mas recuperou direitos políticos em 2022, após pagar multa de R$ 419 milAline Massuca/Valor - 27/2/2012Garotinho acusou o grupo de Bacellar de ter usado instituições de Estado, como a polícia, para coagir vereadores de Campos a votar na chapa do irmão dele, Marquinho Bacellar (SDD), que faz oposição a seu filho Wladimir. A vitória de Marquinho para a presidência da Câmara Municipal, em 15 de fevereiro, por apenas um voto (13 a 12), gerou confusão com trocas de acusação de fraude, abuso de autoridade e a anulação da sessão pelo presidente do Legislativo local, Fábio Ribeiro (PSD).Ao analisar o cenário da eleição estadual, Garotinho disse que o “povo não quer ficar restrito a duas candidaturas”, numa referência a Castro e ao deputado federal Marcelo Freixo (PSB). Descartou concorrer ao Senado e afirmou que está mais propenso a concorrer ao Palácio Guanabara. “Hoje, são 70% de ser candidato a governador, e 30% a deputado federal. A eleição está completamente indefinida no Estado”, disse.Garotinho afirmou que vai ingressar no União Brasil “nos próximos dias”, quando a direção nacional do partido estiver no Rio para uma cerimônia de filiações de deputados federais e estaduais. E considerou como “inverdades” as afirmações de que está inelegível.Em 2018, Garotinho foi impedido de concorrer ao cargo pela Justiça Eleitoral. Apesar de ter recuperado os direitos políticos no mês passado, ao pagar multa de R$ 419 mil para extinguir ação criminal por calúnia, ainda persistem pendências jurídicas, como a condenação por improbidade administrativa em segunda instância, o que leva ao enquadramento pela Lei da Ficha Limpa.