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O movimento ganhou força após o presidente prometer verba apenas para policiais Entidades de servidores que vão protestar nesta terça-feira (18) por aumento salarial irão pedir reajuste de até 28,15% ao governo Jair Bolsonaro (PL). O movimento ganhou força após o presidente prometer verba apenas para policiais.O percentual é buscado por representantes da elite do funcionalismo, e não é consenso entre as demais categorias.A cada ponto percentual, de acordo com estimativa da equipe do ministro Paulo Guedes (Economia), o custo aos cofres públicos de um aumento é de R$ 3 bilhões. O montante reivindicado, se hipoteticamente fosse obtido, seria de R$ 84,45 bilhões. O Orçamento de 2022 prevê apenas R$ 1,7 bilhão.Após a mobilização desta terça, que tem caráter de alerta e é considerada determinante para avaliar a resposta do governo e os próximos passos que podem incluir uma greve, as entidades vão esperar uma sinalização do Executivo. Caso nada mude até o começo de fevereiro, o movimento deve se intensificar.Nesta terça, as entidades dizem esperar boa adesão aos atos, mas afirmam que o movimento pode ser limitado por fatores como o crescimento dos casos de covid-19, em razão da ômicron, e o período de férias.Os grupos já falam até em novas mobilizações para o dia 2 de fevereiro - quando recomeçam os trabalhos no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF).Por ora, dirigentes disseram que o impacto para a população deve ser mínimo e que, apesar de a adesão poder ser modesta, esse será apenas um primeiro movimento de pressão. Segundo eles, a mobilização vai continuar independentemente da força demonstrada nas ruas - inclusive com possibilidade de greve.O presidente do Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado), Rudinei Marques, afirmou que a previsão inicial era que mil pessoas comparecessem aos atos em Brasília. Porém, alta da taxa de transmissão de covid-19 no Distrito Federal pode inspirar maior cautela, reduzindo a adesão.As manifestações estão marcadas para as 10h na frente da sede do Banco Central e às 14h na frente do Ministério da Economia. O Fonacate espera participação de ao menos 29 categorias, segundo levantamento atualizado na noite desta segunda-feira (17)."Em termos de prejuízo de atendimento ao público, [o impacto] deve ser mínimo por ora", afirmou Marques. "Essas coisas levam mais tempo para impactar a população. A mobilização tem de ganhar corpo, tem de haver adesão e afetar áreas-chave", disse.Marques afirmou que o Fonacate irá buscar os 28,15%, percentual que representa o IPCA acumulado de janeiro de 2017 até dezembro de 2021. A maioria das carreiras está sem aumentos nesse período, segundo a entidade. Outros dirigentes, no entanto, defendem percentuais menores.David Lobão, coordenador-geral do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), busca a reposição desde o início do governo Bolsonaro (2019).Segundo ele, o Fonasefe (Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais, do qual o Sinasefe faz parte), vai protocolar um pedido de reajuste de 19,99% para todos os servidores - o que, nas contas dele, corresponde à defasagem inflacionária durante o governo Bolsonaro.Apesar do alto índice, Lobão afirmou que muitas categorias - como os professores - estão em férias e que isso fará o movimento ser em grande parte formado pelos próprios sindicatos. "Pode não ser sentida como uma paralisação de fato. Temos clareza que não é uma manifestação de massa ainda", disse Lobão.Outros percentuais são citados entre dirigentes. O presidente do Sindilegis (que representa os servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União), Alison Souza, afirmou que os servidores não querem "bagunça fiscal"."Quando o presidente disse que iria dar um aumento para os policiais, acabou tirando o pino da granada", disse. Segundo ele, é necessário um reajuste de 3% e 5%.Souza criticou o argumento do governo de que não tem dinheiro, ao mesmo tempo que destina R$ 16,5 bilhões para emendas de relator - instrumento usado por congressistas aliados para irrigar redutos eleitorais."É uma primeira etapa de paralisação", afirmou Fábio Faiad, presidente do Sinal (Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central)."A expectativa nossa é muito boa, a gente acredita que esse pessoal vai aderir com força. Os servidores estão vendo que essa discussão está muito ruim por parte do governo, intransigente, arrogante", afirmou.No BC, a expectativa é que ao menos 50% dos servidores participem dos atos. O protesto é considerado pelo sindicato uma espécie de advertência ao governo.Segundo Faiad, o atendimento ao público deve sofrer restrições, e sistemas podem ficar instáveis ao longo desta terça.De acordo com a entidade, a adesão dos servidores do Banco Central pode levar à interrupção do atendimento e da distribuição de cédulas de papel-moeda. Também pode haver impacto na prestação de informações ao sistema financeiro e nas atividades de manutenção de acesso a bancos e sistemas de informação. Atividades consideradas essenciais, por sua vez, serão mantidas.O sindicato de servidores do BC é um dos mais ativos na mobilização e afirmou que a adesão às listas de entrega de cargos de comissão e compromisso de não assunção dos postos vagos já está próxima de 2 mil servidores.Há também os outros 2.500 servidores, sem comissão, que estão sendo convidados a aderir à lista.Além de reajustes, os sindicatos têm aproveitado para apresentar outras demandas. No caso dos servidores do BC, pedem também a reestruturação de carreira de analistas e técnicos (sem impacto financeiro).Na Receita Federal, primeiro sindicato a se mobilizar após a sinalização de reajuste apenas para policiais, os auditores protestam contra a falta de regulamentação do bônus de eficiência para a categoria e contra o corte de recursos para o funcionamento da Receita em 2022.Atividades administrativas e programas de fiscalização em postos aduaneiros também foram reduzidos pelos protestos dos servidores, que instauraram a chamada operação-padrão. Em cidades como Foz do Iguaçu (PR) estão sendo registradas filas de caminhões.A mobilização foi inicialmente convocada pelo Fonacate, que reúne grupos com forte poder de pressão - como auditores fiscais da Receita, servidores do Banco Central, diplomatas, entre outros.O movimento recebeu o reforço do Fonasefe, que representa um leque mais amplo de carreiras, inclusive aquelas com menores salários.Guedes é contra a concessão de reajustes generalizados. No entanto, ele cedeu a Bolsonaro ao pedir ao Congresso uma reserva de recursos no Orçamento de 2022 para atender aos policiais federais.