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Ministério da Saúde espera encerrar "apagão de dados" nesta segunda-feira

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Fontes dizem que não houve perda de dados, somente impossibilidade de publicação nas plataformas do governo O Ministério da Saúde espera restabelecer até esta segunda-feira todos os sistemas que foram alvo da ação de hackers no dia 10 de dezembro, apurou o Valor. O ataque prejudicou serviços e provocou um “apagão de dados”, deixando especialistas e o público geral sem informações importantes a respeito da pandemia no país e acesso a produtos e serviços prestados pela pasta.

Fontes da Saúde asseveram, porém, que o “apagão” não deixou a cúpula da pasta às escuras sobre a situação epidemiológica no país. Os responsáveis pela formulação de políticas públicas, dizem, tiveram acesso à maior parte das informações, e o problema nas últimas semanas se restringiu ao carregamento dos dados nas plataformas.

O ataque fez com que todo o sistema de armazenamento tivesse que ser refeito. Em um primeiro momento, o ministério priorizou a reconstrução do sistema de registro de dados, que na versão das fontes está em pleno funcionamento desde o último dia 20 de dezembro.

Os sistemas que viabilizam a consulta pública das informações, no entanto, só foram restabelecidos na sexta. Na sexta, a previsão no ministério era que os dados fossem recarregados por técnicos do DataSUS ao longo do fim de semana. E que bases como e-SUS Notifica, Sivep-Gripe, SI-PNI, Conecte SUS e o Infogripe, da Fiocruz, que já haviam sido restabelecidas, voltassem nesta segunda-feira a mostrar informações atualizadas ao público. Já o sistema que concentra dados sobre atenção primária à saúde deve ser restabelecido até quarta-feira.

Na sexta-feira, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde fez um breve balanço sobre os reflexos do ciberataque nas plataformas do ministério.

“O ataque hacker impactou fortemente os sistemas do Ministério da Saúde, o que é preocupante em um momento em que precisamos monitorar duas epidemias (covid-19 e influenza H3N2). Nos primeiros dias após o ataque, houve paralisação do sistema Sivep-Gripe e do sistema e-SUS Notifica, utilizado para notificação dos casos leves de covid-19, para notificação como para acesso aos dados”, disse o Conass.

Na nota, o conselho lembra que não puderam ser notificados os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sejam aqueles causados por covid, sejam os causados por influenza ou outros vírus respiratórios. “Os acessos aos sistemas foram normalizados, salvo instabilidades pontuais, mas ainda é possível observar que os dados atuais sofrem os impactos do ataque hacker.”

O ministério ainda não sabe ao certo a que dados os hackers tiveram acesso. Mas suspeita-se que os sistemas tenham sido invadidos com a finalidade de comercializar as informações em um mercado paralelo ilegal. As investigações sobre o ataque estão a cargo da Polícia Federal.

O “apagão” ocorreu em meio ao avanço da variante ômicron do coronavírus no Brasil. Nas sexta-feira, o país registrou 53.419 casos em 24 horas. A média móvel diária de novos infectados chegou a 23.338, a maior desde 24 de setembro. O salto foi de 639% em duas semanas, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa.

Mesmo assim, na cúpula da pasta acredita-se que, apesar da forte alta, haja uma significativa subnotificação. Isso ocorreria em grande parte por conta do baixo índice de testagem no país.

Mas uma fonte ouvida pelo Valor reforça que a questão não é tanto o número reduzido de testagens, e, sim, os reflexos do ataque hacker. Isso fez que mesmo os números levantados pelo consórcio de imprensa e pelo Conass diretamente com base nas informações das secretarias estaduais de Saúde enfrentem ainda dificuldades e risco de estarem subestimados.

Embora o ataque tenha mirado plataformas do ministério, a rotina de Estados e municípios foi também diretamente afetada.

A razão, explica a fonte, é que os municípios do país abastecem diretamente as plataformas do Ministério da Saúde com informações sobre casos e mortes por covid. E a grande parte dos Estados precisa recorrer ao sistema do ministério para acompanhar a evolução diária da pandemia de seus municípios. Apenas alguns Estados têm sistemas que permitem que seus municípios abasteçam simultaneamente o ministério e a Secretaria Estadual de Saúde. Com os danos provocados pelos hackers, tanto os municípios tiveram dificuldade para inserir os dados na plataforma do ministério quanto Estados tiveram dificuldades para acessar essas plataformas para acompanhar os números de seus municípios.

Ainda que os números sejam maiores, a ômicron pegou o Brasil (assim como vários países europeus) com alto índice de vacinação. Ao todo, 67,7% da população brasileira já tomou as duas doses ou a dose única da vacina e 13,3% receberam a dose de reforço. E 78,3% receberam a primeira dose. Entre pessoas acima de 18 anos, o índice sobe para 87% com vacinação completa.

Entre jovens de 12 a 17 anos, 79% receberam a primeira dose e 31% tiveram o ciclo de imunização completo, segundo a Saúde. Nos próximos dias, começa a vacinação de crianças entre 5 e 11 anos.

Assim, embora tenha havido uma explosão de casos nas últimas semanas, os índices de mortalidade seguem em um patamar relativamente baixo para um país que já chegou a registrar mais de 4 mil óbitos em um único dia.

Na sexta, o consórcio de veículos de imprensa registrou 148 mortes pela doença. O total de mortos pelo no Brasil chegou a 619.878. A média móvel diária ficou em 110 mortes em 14 dias — alta de 14% sobre as duas semanas anteriores. (Colaborou Ana Conceição, de São Paulo)

Fonte: Valor Invest

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