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Maceió

Trabalhadores do Hospital Portugal Ramalho denunciam demora na realocação e exigem urgência do governo e da Braskem

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Os trabalhadores do Hospital Escola Portugal Ramalho (HEPR), em Maceió, emitiram uma carta aberta denunciando a demora na realocação da unidade de saúde, que está localizada em uma área de risco geológico devido às atividades da mineradora Braskem. O hospital, que presta serviços essenciais à população, está inserido em uma região afetada pelo afundamento do solo, o que representa uma ameaça tanto à segurança dos trabalhadores quanto à dos pacientes.

A situação se arrasta há mais de dois anos, desde que a Braskem assumiu o compromisso de indenizar a unidade de saúde, após a constatação dos riscos geológicos. No entanto, os sindicatos representativos dos trabalhadores e a própria direção do HEPR denunciam que, até o momento, não houve progresso substancial para garantir a transferência do hospital para uma nova instalação segura.

Em sua carta, os sindicatos ressaltam que a demora está prejudicando não apenas a infraestrutura da unidade, mas também a saúde mental dos servidores. Os trabalhadores relatam um aumento significativo nos afastamentos por transtornos mentais, com destaque para a ansiedade, estresse pós-traumático e outros problemas relacionados à insegurança do local de trabalho. De acordo com o Núcleo de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalhador (NAISST) da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), o HEPR é a unidade hospitalar da universidade com o maior número de afastamentos por transtornos mentais.

Além disso, é denunciado que o hospital também tem enfrentado dificuldades estruturais, com interrupções nas atividades de serviços essenciais, como a Ouvidoria e as Residências Acadêmicas, devido à precariedade do espaço. Essas condições têm impactado diretamente no atendimento à população, que depende do hospital para serviços especializados e atendimento de urgência.

A situação é ainda mais grave para os trabalhadores, que se sentem expostos a constantes riscos, como a possibilidade de afundamento do solo nas áreas ao redor do hospital. Muitos relatam episódios de pânico, especialmente quando há chuvas, que podem agravar a instabilidade do solo. Além disso, a pressão psicológica tem se refletido em comportamentos de evasão, com alguns servidores se recusando a ir trabalhar, temerosos por suas vidas.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) também tem sido acionado em relação às denúncias, e em resposta, recomendou que tanto o governo estadual quanto a Braskem formem um grupo de trabalho para mitigar os impactos na saúde mental dos trabalhadores enquanto não se concretiza a realocação. Entre as recomendações, está a prestação de serviços de assistência psicológica e psiquiátrica aos servidores do HEPR.

Os sindicatos exigem que os três poderes do Estado de Alagoas (Executivo, Legislativo e Judiciário) e os órgãos de defesa e controle (como o Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública) tratem a realocação do hospital como uma prioridade, com urgência para que as obras da nova unidade comecem o quanto antes. Os representantes dos trabalhadores cobram ainda que o governo atenda às orientações da Comissão Intergestora Bipartite (CIB) e reverta os cortes nos custeios da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), que têm agravado ainda mais a situação financeira e operacional do hospital.

"A luta por condições de trabalho adequadas e pela segurança de todos os envolvidos – trabalhadores, pacientes e familiares – continua. Enquanto o governo do estado e a Braskem não tomam as providências necessárias, os sindicatos afirmam que não medirão esforços para cobrar soluções imediatas, inclusive por meio de novas mobilizações e ações jurídicas", diz a carta.

A situação do Hospital Portugal Ramalho é um reflexo das complexas questões envolvendo a mineração da Braskem em Maceió e a responsabilidade do Estado em garantir a segurança das instituições públicas de saúde e a integridade dos servidores. O futuro da unidade hospitalar depende de ações rápidas, que atendam tanto às questões estruturais quanto às urgentes necessidades de saúde mental dos trabalhadores que, diariamente, enfrentam os riscos do local para atender à população.

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