O Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca, está vivendo uma situação de caos com a superlotação de pacientes. Macas e leitos estão espalhados pelo corredor da unidade, que não tem mais espaço apropriado para acomodar internos. Segundo O Núcleo de Processamento de Dados (NPD) do hospital, em apenas três dias - de sábado, 26, a segunda-feira,29 - deram entrada na unidade 629 pessoas.
Os funcionários estão trabalhando em condições desumanas, se desdobrando para não deixar pacientes desassistidos. Mas a qualidade do serviço, nessas condições, é afetada. Há demora para realização da consulta e para os procedimentos.
Além disso, o hospital, que é referência para a população da II Macrorregião de Saúde, formada pelo Agreste, Sertão e Baixo São Francisco, está com carência de medicamentos e insumos. O estoque de produtos planejado para o mês não foi suficiente para o quadro de superlotação. Os pacientes percebem e sentem na pele o caos instalado na unidade.
"O principal hospital dessa região está sufocado. Há descaso com as condições de trabalho dos funcionários e isso é refletido na assistência aos pacientes", dizem os profissionais. Do total de atendimentos realizados, deram entrada no período de três dias 162 vítimas de acidentes de trânsito, sendo 88 de quedas e colisões envolvendo motocicletas, 5 pessoas que sofreram acidentes de bicicleta, 7 feridos em atropelamentos e 62 vítimas de colisões. Pelo menos 18 vítimas de agressão chegaram ao hospital em busca de socorro, sendo 14 por agressão corporal, duas por arma branca e mais duas por arma de fogo.
Casos clínicos também foram registrados no hospital: 43 vítimas de corpo estranho no olho, ouvido, garganta ou nariz; 10 vítimas de intoxicação exógena, 11 pacientes que sofreram mordidas de cachorro, 2 vítimas de picada de abelha, 1 por picada de inseto, 17 vítimas de picadas de escorpião, 111 vítimas de queda da própria altura e 23 de queda de altura, entre outros casos. A equipe cirúrgica realizou no feriado em homenagem ao Dia do Servidor, 19 procedimentos.
Sem segurança
Além da superlotação, o Hospital de Emergência do Agreste convive com outro problema que, atualmente, afeta grande parte das unidades de saúde em Alagoas: a falta de segurança. Os surtos de agressividade são recorrentes em ambientes de atendimento público, e a área da saúde não fica isenta, principalmente quando há insatisfação causada pela superlotação.
Os profissionais trabalham com receio de serem vitimados por familiares de pacientes que não puderam ter suas reivindicações atendidas.
Segundo a presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed-AL), Sílvia Melo, vários profissionais já foram agredidos, na capital e interior em atendimento clínico ou de emergência, e mesmo em hospitais. "Nós trabalhamos sob tensão constante. Há sempre o receio de que o pior aconteça. Os próprios pacientes também precisam se sentir num ambiente seguro para recuperar a saúde. As autoridades precisam resolver essa questão", concluiu a médica.