Neste episódio vamos tratar de Moradia, ou da falta dela. Para ligar os pontos partimos da capital paulista que tem a maior população do país vivendo em lugares inadequados. Moradias tão precárias que quase não dá pra chamar de casa. O déficit habitacional também é um problema dos municípios e agora o programete Liga Pontos vai mostrar a dimensão deste problema.
A região metropolitana de São Paulo, tem quase 640 mil residências que abrigam famílias em condições precárias. Em todo o Brasil são mais de 6 milhões. Frederico Poley é coordenador de habitação e saneamento da Fundação João Pinheiro, ele conta como são esses domicílios que entram na conta do déficit habitacional.
São aqueles que têm um padrão construtivo muito ruim, principalmente de paredes. Às vezes utiliza madeira não apropriada para construção, palha. Nas cidades é comum também encontrar outros materiais, tipo zinco. A gente tem um outro subcomponente nesse déficit quantitativo que a gente chama de cooptação. Estão envolvendo domicílios relacionados a cortiços, que são normalmente famílias em quartos. Também tem as unidades domésticas conviventes, que são aqueles onde você tem mais de uma família, grosso modo, morando numa mesma área. E, por fim, nesse déficit quantitativo, a gente tem o que a gente chama de ônus excessivo com aluguel, que são aqueles domicílios com renda de até três salários mínimos, a renda total do domicílio, e que gastam mais de 30% do aluguel.
Para Frederico Poley a solução do problema não passa só por construir mais casas. Tem a ver com investimentos públicos. O dinheiro que é investido para garantir qualidade de vida de alguns e não pra todos.
Por que muitas vezes o aluguel é mais caro? É por questão de localização, e essa localização tem a ver com o quê? Melhor acesso à infraestrutura, seja ela de saneamento, ou de transporte, ou de comunicação, essas áreas vão ser mais caras, e normalmente, por ser mais caras, elas aumentam o aluguel. Então, na medida que você consegue universalizar esses serviços, tende ao quê? O preço da terra reduzir e ter mais oferta e as pessoas conseguirem acessar melhor esse serviço a custos mais baixos, que são assuntos municipais. O pessoal pensa que déficit é só construir habitação, aí às vezes faz a construção de habitação de uma área que está distante de todos esses serviços. Quer dizer, você simplesmente troca o déficit, você passa às vezes de um déficit quantitativo para um qualitativo.
Para saber se Moradia é uma preocupação do seu candidato, dá uma conferida no programa de governo dele. Todos tem que registrar suas promessas no site do Tribunal Superior Eleitoral. Na página você clica na sua região, estado, escolhe sua cidade e se quer olhar o programa dos prefeitos ou dos vereadores. Pronto, você mesmo pode ligar os pontos.
O programete Liga Pontos é um produto original da Radioagência Nacional.
PROGRAMETE : ELEICÕES 2024 -MORADIA
Vinheta de Abertura 🎶
SUA CIDADE, SEUS DIREITOS! ANTES DE VOTAR, LIGA OS PONTOS
ELIANE: Você sabe o que é papel da prefeitura? E dos vereadores e vereadoras? Vamos brincar de ligar os pontos para entender como as eleições municipais podem influenciar direto na sua vida?
ELIANE: Oi, eu sou Eliane Gonçalves, e hoje nosso ponto de partida da Moradia tá em São Paulo, vamos falar com o Adilson Silva.
Efeito sonoro - telefone🎶
ELIANE: A capital paulista tem a maior população do país vivendo em lugares inadequados. Moradias tão precárias que quase não dá pra chamar de casa. E o Adilson que saiu de Caruaru, em Pernambuco, pra São Paulo há quase 30 anos conhece o problema de perto.
Efeito sonoro - sinal de espera no telefone🎶
ELIANE: Alô, Adilson? Conta pra gente, desde que você chegou em São Paulo em quantas casas você morou?
ADILSON: Quantas casas diferentes? É tanto Da casa, porque assim, nós não parava no canto quieto
Efeito sonoro - acelerando a conversa🎶
ELIANE: Deixa eu tentar acelerar essa conta. Adilson lembra de pelo menos 18 endereços. Um deles, a ocupação no Wilton Paes de Almeida, o prédio no centro de São Paulo que pegou fogo e desmoronou em maio de 2018. A memória da correria pra sobreviver tá vivinha.
ADILSON: Quando eu abri os olhos assim eu vi um claridão assim no prédio vizinho. Eu me liguei que era fogo. Aí eu acordei a mulher e o moleque que tava dormindo e saímos correndo, aí só eles dois foram na frente, sabe? Eu inventei de ficar procurando uma mercadoria que eu tinha e o dinheiro que eu tinha. Quando eu não achei nada, eu vi só os bagulhos despencando. Aí eu fui-se embora. Saí correndo. Quando eu saí na porta, não tinha mais como nem descer, nem subir. Eu vi do outro lado da praça assim, só o bagulho já tava em chama mesmo. O fogo tanto ele descia como ele subia ao mesmo tempo. Aí foi detonando tudo, explodindo os vidros tudo, mas pronto, aí eu acho, foi aquele que vocês sabem já, eu acho assim, eu acho, na minha visão, foi uma tragédia, sabe,
ELIANE: Depois disso teve muita promessa de casa própria, mas seis anos depois, Adilson, o filho e a ex-mulher, ainda vivem juntos em uma ocupação no centro de São Paulo.
ADILSON: É sem ter onde morar. Porque eu não tô tendo condições mais de pagar aluguel. Porque é o seguinte: o dinheiro que eu arrumo se for alugar uma casa, eu vou alugar uma casa lá no fundão da zona norte, lá no fundão da zona leste, lá no fundão da zona sul. Aí eu vou pagar um aluguel no fundão da zona sul para me locomover aqui pra o centro, pra depois retornar pra lá de novo, aí isso aí é gasto, sabe? Aí quando você vai botar assim na ponta do lápis, aí você nem arruma dinheiro pra comer, nem arruma dinheiro pra pagar o aluguel e termina os caras dizendo assim, ó mano não vou querer tu aqui não, tu não tá pagando o aluguel... Aí não tem como, aí eu tô nessa aí. Aqui eu tô vivendo aqui, vou ficar até os caras dizerem aqui, ou nós sai ou nós fica.
ELIANE: A região metropolitana de São Paulo, tem quase 640 mil residências que abrigam famílias nessas condições aí que o Adilson contou pra gente. No Brasil todo, são mais de 6 milhões. Tá na hora de chamar oo Frederico Poley coordenador de habitação e saneamento da Fundação João Pinheiro,pra nos ajudar a ligar os pontos. Frederico como são esses domícilios que entram na conta do déficit habitacional.
FREDERICO: São aqueles que têm um padrão construtivo muito ruim, principalmente de paredes. Às vezes utiliza madeira não apropriada para construção, palha. Nas cidades é comum também encontrar outros materiais, tipo zinco. A gente tem um outro subcomponente nesse déficit quantitativo que a gente chama de cooptação. Estão envolvendo domicílios relacionados a cortiços, que são normalmente famílias em quartos. Também tem as unidades domésticas conviventes, que são aqueles onde você tem mais de uma família, grosso modo, morando numa mesma área. E, por fim, nesse déficit quantitativo, a gente tem o que a gente chama de ônus excessivo com aluguel, que são aqueles domicílios com renda de até três salários mínimos, a renda total do domicílio, e que gastam mais de 30% do aluguel.
ELIANE: E sabe o que é mais interessante? É que a solução do problema não passa só por construir mais casas. Tem a ver com investimentos públicos. O dinheiro que é investido para garantir qualidade de vida só pra alguns e não pra todos.
FREDERICO: Por que muitas vezes o aluguel é mais caro? É por questão de localização, e essa localização tem a ver com o quê? Melhor acesso à infraestrutura, seja ela de saneamento, ou de transporte, ou de comunicação, essas áreas vão ser mais caras, e normalmente, por ser mais caras, elas aumentam o aluguel. Então, na medida que você consegue universalizar esses serviços, tende ao quê? O preço da terra reduzir e ter mais oferta e as pessoas conseguirem acessar melhor esse serviço a custos mais baixos, que são assuntos municipais. O pessoal pensa que déficit é só construir habitação, aí às vezes faz a construção de habitação de uma área que está distante de todos esses serviços. Quer dizer, você simplesmente troca o déficit, você passa às vezes de um déficit quantitativo para um qualitativo. Quer dizer, você simplesmente às vezes troca o déficit. Você passa às vezes de um déficit quantitativo para um qualitativo.
Efeito sonoro - clique🎶
ELIANE: Nós ligamos pra prefeitura de São Paulo para saber sobre a situação das famílias que como a do Adilson sobreviveram ao incêndio de 2018 e a promessa agora é de que XXXXXXXX
Efeito sonoro -clique🎶
ELIANE: E olha pra conferir o que seu candidato à prefeitura ou à câmara de vereadores tá propondo pra enfrentar o problema da falta de moradia na sua cidade, dá uma olhada no programa de governo dele ou dela. Todos tem que registrar suas promessas no site do Tribunal Superior Eleitoral. Anota aí o endereço: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/. Lá na página você clica na sua região, estado, escolhe sua cidade, o cargo em disputa e pode comparar as propostas de cada candidato[EFEITOS DE CLIQUE DO MOUSE TODA VEZ QUE FALAR UMA COISA PRA CLICAR]. Pronto, você mesmo pode ligar os pontos.
Efeito sonoro - telefone desligando.🎶
Vinheta de encerramento 🎶
ELIANE: Liga pontos é uma produção da Radioagência Nacional.
Sobe som 🎶
Reportagem, redação e roteiro | Eliane Gonçalves e Sumaia Vilella |
Edição | Beatriz Arcoverde |
Produção | Patrícia Serrão |
Sonoplastia | Jailton Sodré |
Arte | Wagner Ferreira Maia |
Política O Brasil tem 6 milhões residências com famílias em condições precárias São Paulo e Brasília 03/10/2024 - 07:00 Beatriz Arcoverde - Editora Web Eliane Gonçalves e Sumaia Villela - Radioagência Nacional eleições 2024 liga pontos Habitação moradia Especiais quinta-feira, 3 Outubro, 2024 - 07:00 6:15
Fonte: Agência Brasil