Pela primeira vez, pesquisadores identificaram metais pesados em animais do litoral do Espírito Santo, por causa do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, em 2015.
Os dados são do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática da porção capixaba do Rio Doce e região marinha e costeira adjacente. O trabalho foi executado pela Fundação Espírito-santense de Tecnologia; e pela Universidade Federal do Espírito Santo.
O professor da UFES e coordenador-técnico do programa, Fabian Sá, explica que os pesquisadores já esperavam que a contaminação fosse ocorrer; mas eles não sabiam quando...
Para a análise, foram coletadas - entre setembro de 2018 e janeiro deste ano - amostras de água; sedimentos, como areia e lama; e de vários organismos que compõem diferentes níveis dentro da cadeia alimentar, detalha Fabian.
O professor explicou que o consumo de animais e o contato com ambientes contaminados por esses metais são um risco para os seres humanos.
Além da análise de poluentes, os pesquisadores realizam a análise genética, de ecologia e comportamental do material coletado. E um dos impactos observados é o aumento de espécies exóticas, ou seja, invasoras, em relação às espécies nativas.
Os resultados do quinto relatório do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática vão ser apresentados no dia 27 de setembro ao Comitê Interfederativo de um acordo firmado entre a União, os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, e as empresas Samarco, Vale e BHP Billiton Brasil.
Em nota, A Vale informou que a Fundação Renova firmou um acordo de cooperação com a Fundação Espírito-santense de Tecnologia para monitorar a biodiversidade no estado capixaba. Até o momento, foram repassados R$ 696 milhões para pesquisas.
A nota diz ainda que os resultados apresentados devem ser interpretados com cautela e integrados a outros estudos.
* Matéria atualizada para inclusão de informações.
*Reportagem de Priscila Thereso
Fonte: Agência Brasil