Um policial militar aposentado foi até a delegacia nesta segunda-feira (09) prestar depoimento sobre a confusão que acabou em tiros em um bar, no bairro de Cruz das Almas. No depoimento dado à Polícia Civil, o PM disse ser o dono da arma e contou que quem atirou foi o filho dele, para se defender das agressões.
O filho dele, que pegou a arma no carro e atirou, tem 23 anos e também prestou depoimento no 6º Distrito Policial (DP). "Eu tenho 61 anos de idade, um cara idoso, passando por um problema desse. Nunca na minha eu passei por uma coisa dessa. Eu vi a morte. Quando eles gritavam: 'mata, mata', eu fui com meu filho, protegendo, livrando um, livrando outro, e protegendo meu filho para entrar no carro. Foi quando ele [o filho] entrou no carro, pegou minha arma, me viu todo ensanguentado, e um cara gritando 'mata, mata', e ele atirou. E foi a salvação de muita gente ali, porque entraram [os agressores] no carro e foram embora", contou o pai.
Um dos agressores foi baleado e está internado em estado grave no Hospital Geral do Estado (HGE). Os outros conseguiram fugir, mas alguns já foram identificados pela Polícia Civil. "Eles alegam que foi em legítima defesa. O que efetuou os disparos disse que só foi ao carro após o pai ser espancado, na tentativa de cessar a agressão injusta. O pai entrou em luta corporal com eles, foi quando ele conseguiu pegar a arma do pai e efetuar os disparos", relata Jorge Mendes, chefe de serviço da PC/AL.
A Polícia recebeu a informação de que esse não foi o único caso envolvendo o grupo, que seria de torcedores do CSA, naquela quarta-feira (04). Além da briga no bar, em Cruz das Almas, eles também teriam participado de outros episódios de violência pela cidade. "Há informações de que eles se reuniam na Praça da Faculdade, na Praça do Centenário e articularam esses ataques, que não foi uma coisa pontual em Cruz das Almas, foram em outros bairros também. Isso está sendo levantado, está sendo investigado no inquérito", disse o chefe de operações.
Cinco dias depois das agressões, o olho do militar aposentado ainda continua roxo após ter sido atingido no meio do tumulto. Ele cobra medidas duras de punição aos agressores. "Eu quero agora pedir, implorar às autoridades competentes que tomem providências, porque ali naquele lugar, naquele ambiente social, tinha pai de família, tinham crianças, tinham pessoas idosas, e como é que, num século que estamos hoje, está acontecendo ainda esse tipo de coisa?", desabafou o homem agredido.
O caso - Um grupo de torcedores do CRB estava no bar, na Travessa Derval Macário dos Santos, no bairro de Cruz das Almas, na última quarta-feira (08), onde acompanhava o jogo contra o Vila Nova, pela Série B do Campeonato Brasileiro, quando, por volta das 21h40, um outro grupo, que seria formado por torcedores do CSA, chegou no estabelecimento, e a briga teve início.
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram o momento da confusão. É possível ouvir o som de ao menos oito tiros disparados, assim como o barulho de objetos quebrando e de vidros estraçalhando. A movimentação de pessoas também foi captada, com o desespero de quem passava perto do local. Um cliente de outro bar ainda se arriscou e fez a filmagem.
Uma câmera de segurança flagrou também o momento em que quatro carros chegam ao local, cada um deles com quatro ocupantes, que vão em direção ao bar e começam a agredir as pessoas que estão em uma mesa vestidas com a camisa do CRB. Houve muita correria no local. Nas imagens também é possível ver um dos torcedores agredidos indo ao carro, pegando a arma e atirando contra o grupo que armou a emboscada.
Já as imagens de câmeras de segurança do bar flagraram o momento exato em que torcedores são surpreendidos e acabam protagonizando a briga generalizada. As investigações da Polícia Civil continuam em andamento.