O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou, pela primeira vez, os depoimentos de generais das Forças Armadas à Polícia Federal (PF), por meio dos quais foi confirmada a existência de um plano do governo de Jair Bolsonaro (PL) para dar um golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022, que tiveram o petista como vencedor.
O chefe do Executivo, durante reunião ministerial nesta segunda-feira (18/3), afirmou que, agora, há uma "certeza" de que o país correu risco de sofrer um golpe e que isso só não ocorreu porque o ex-presidente era um "covardão". E disse que Bolsonaro ficou "chorando em casa".
Lula diz que golpe não era insinuação
O presidente afirmou que, depois dos depoimentos, a suposta tentativa de golpe deixou de ser apenas insinuação. "Hoje nós temos certeza de que o país correu sério risco de ter um golpe em função das eleições de 2022", afirmou.
"Não teve golpe só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não quiseram fazer, não aceitaram a ideia do presidente, mas também porque o presidente era um covardão", ressaltou Lula.
Segundo o presidente, Bolsonaro "não teve coragem" de executar o planejado. "Ele ficou dentro de casa, chorando, aqui no Palácio, por quase um mês, e preferiu fugir para os Estados Unidos do que fazer o que ele tinha prometido", disparou.
Trama golpista
Na semana passada, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes derrubou o sigilo de 27 depoimentos no âmbito do inquérito que investiga a trama golpista durante o governo Bolsonaro.
Destacam-se os depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas. O general Marco Antônio Freire Gomes detalhou à PF encontros em que foram apresentadas minutas de teor golpista. Nos planos, estaria a instalação de instrumentos como a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o Estado de Defesa e o Estado de Sítio.
Também em depoimento, o ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB) Carlos Almeida Baptista Júnior disse que Freire Gomes teria ameaçado o ex-presidente de prisão caso seguisse em frente com o plano.
Para o ex-comandante da FAB, a posição contundente de Freire Gomes foi responsável por impedir outro golpe de Estado no Brasil e ainda disse que, "caso o comandante tivesse anuído, a possível tentativa de golpe de Estado teria se consumado".