No dia 27 de janeiro de 2024, um marco significativo ocorreu em Varzelândia-MG: o I Encontro de Povos e Comunidades Tradicionais, uma iniciativa do Movimento dos Trabalhadores do Campo (MTC) em parceria com a NEPRA, CPT e KAIPORA.
O evento aconteceu no sítio Nossa Senhora de Guadalupe, localizado no sítio barreiro azul, onde constantemente, vem tendo conflitos com o casal de ambientalistas Izabel e Clailson.
Este encontro reuniu uma diversidade de representantes e defensores dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs), incluindo o Movimento dos Pescadores Artesanais de Itacarambi, além de instituições como o Ministério Público Federal (MPF), a Defensoria Pública da União (DPU), a Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB MG), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Brigada 01, NEPRA, KAIPORA, e representantes de comunidades quilombolas, entre outros ligados à causa ambiental e social.
O encontro foi estruturado em duas etapas fundamentais. Inicialmente, foram compartilhadas experiências e desafios enfrentados pelos PCTs, evidenciando as riquezas culturais e os obstáculos que permeiam suas realidades.
Na sequência, abriu-se espaço para discussões sobre direitos, contando com a valiosa contribuição do MPF, NEPRA (Escola de Formação dos Direitos Culturais e da Natureza) e KAIPORA (Laboratório de Estudos Bioculturais).
Uma das experiências mais enriquecedoras foi a visita a uma nascente e a uma área de mata preservada, onde se destacou a profunda relação ancestral e medicinal que os PCTs mantêm com a natureza. Ali, pôde-se testemunhar a sabedoria transmitida de geração em geração, onde a própria terra oferece remédios naturais para uma variedade de enfermidades, desde o "quebranto" até as dores mais agudas.
É notável como o conhecimento popular desses povos, muitas vezes privados do acesso à saúde pública, lhes proporciona uma longevidade singular, graças aos recursos naturais que brotam generosamente do cerrado e das florestas. A medicina tradicional, baseada em ervas, plantas e raízes medicinais, revela-se não apenas como uma alternativa, mas como um patrimônio vital para a saúde e bem-estar dessas comunidades.
Ao final do encontro, uma comissão foi formada com o propósito de redigir uma carta aberta à sociedade, na qual serão abordadas as dificuldades enfrentadas pelos PCTs e serão propostas alternativas concretas para a preservação de suas práticas ancestrais e para a garantia de seus direitos.
Este encontro não apenas celebrou a diversidade e a resiliência dos Povos e Comunidades Tradicionais, mas também despertou uma profunda reflexão sobre a importância de reconhecer e valorizar os saberes e as práticas que sustentam a harmonia entre o homem e a natureza. A cada dia, cresce a vontade e a necessidade de conhecer mais territórios, impulsionados pela sede de justiça social e pelo compromisso com a nossa casa comum.