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Desempenho da economia brasileira em 2024 será reflexo do cenário externo e desdobramento de medidas do governo

Apesar de um crescimento econômico acima do previsto durante o ano, as perspectivas para 2024 se mostram desafiadoras.

Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

Apesar de um crescimento econômico acima do previsto durante o ano, as perspectivas para 2024 se mostram desafiadoras. Mesmo apresentando taxa de desemprego em queda, crescimento da atividade econômica e inflação mais baixa, uma série de fatores podem colocar a economia brasileira em xeque. Economistas consultados pela Jovem Pan afirmam que ainda é difícil ter um panorama claro de cenário para o próximo ano. Os especialistas indicam que cinco pontos devem ser centrais na economia para 2024: equilíbrio fiscal, o comportamento das economias ao redor do mundo, inflação, a implementação da reforma tributária e o desdobramento de medidas do governo, como marcos legais e a reforma tributária.

O economista Carlos Caixeta indica que as condições climáticas devem reduzir o dinamismo do agronegócio, que foi o grande propulsor da economia em 2023. No entanto, outras commodities como o petróleo podem mostrar desempenho positivo, dada a alta competitividade das áreas do pré-sal. “O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) estimado para 2024 situa-se entre 1,5 e 2%, menor que 2023. Se a inflação continuar a sua trajetória de queda, com o IPCA caminhando para 4% ao final de 2024, o cenário favorecerá mais cortes da Selic por parte do Banco Central e deverá terminar 2024 em aproximadamente 9,25%. O governo também precisará fazer a sua parte, cumprindo a meta fiscal e realizando a reforma administrativa para aumentar a credibilidade na sua gestão”, afirma.

De acordo com Ricardo Rodil, economista e líder do Mercado de Capitais do Grupo Crowe Macro, a economia do próximo ano está fortemente condicionada a decisões que passam pela relação do governo com o Congresso. “Boa parte dessa resposta estará ligada ao funcionamento dos ‘freios’ dos gastos públicos. As mais recentes projeções do mercado assinalam que terminaremos 2023 com um crescimento do PIB próximo de 3%, mas que 2024 terá um crescimento da metade desse número. Mesmo assim, não podemos esquecer que iniciamos 2023 com uma projeção 0,9% de crescimento e que ele praticamente triplicou. A curva inflacionária vinha se mostrando numa trajetória descendente, mas neste momento surgem algumas ameaças como o aumento nos tributos ao óleo diesel e a derrubada da maioria dos vetos que o presidente fez ao fim da desoneração de 17 setores de economia”, indica.

Caixeta ressalta que igualmente importante para o entendimento de 2024 é o contexto de melhora financeira das famílias, estimulada por medidas como a continuidade da política de valorização do salário mínimo, o programa de renegociação das dívidas das famílias de baixa renda (o Desenrola Brasil) e a queda da taxa Selic, reverberando positivamente sobre o mercado de crédito. “O novo arcabouço fiscal e a reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados, embora não sejam as ideais, implicam mudanças que favorecem as perspectivas para a economia, em especial quando os investimentos privados estão desacelerando e em patamares considerados baixos (menores que 20% do PIB)”, considera.

Rodil também indica que a indefinição atual sobre o impacto que o arcabouço fiscal e a reforma tributária terão nas contas públicas de 2024 não permitem avaliar um panorama claro sobre o comportamento do nível de preços. “Os mais otimistas talvez estejam torcendo para a concretização do resultado primário zero prometido pelo arcabouço fiscal. Mas o mecanismo de aumento das despesas como proporção do aumento da receita pode levar o governo a pressionar por aumentos de impostos. O recente anúncio do aumento no salário-mínimo deve pressionar os preços, além do impacto nas contas do INSS, que apontam para mais déficit e inflação. O país não está crescendo de acordo com seu potencial e isso é reconhecido por analistas econômicos de diversas tendências. É um fator que desestimula o investimento externo. Pode ser o verdadeiro 'tiro no pé'”, considera.

Para Carlos Caixeta, o cenário externo, comprador dos produtos brasileiros, continuará com baixo dinamismo. O crescimento da Zona do Euro deverá ser menor do que se esperava, tanto em 2023 quanto em 2024, e a inflação persiste em patamares elevados. “A economia norte-americana segue com inflação ainda muito alta, o que implica altas taxas de juros, e o desafio para o Banco Central americano será desaquecer a economia o suficiente para baixar os preços sem desencadear uma recessão econômica. A economia da China, embora recupere o crescimento padrão, permanecerá abaixo daqueles registrados na última década e preocupa o Brasil, uma vez que a China é o principal destino de suas exportações”, complementa.

Fonte: Jovem Pan

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