O governo da Argentina criticou nesta sexta-feira, 29, a Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical do país, por convocar uma greve geral em protesto contra as amplas reformas promovidas pelo presidente Javier Milei, que está no cargo há três semanas. “Achamos surpreendente que a liderança sindical seja contra as reformas que estamos propondo para o mundo do trabalho quando a situação econômica é crítica”, disse o porta-voz do governo, Manuel Adorni, em entrevista coletiva, na qual alegou a necessidade de modernizar as leis trabalhistas. Na quinta-feira, 28, a CGT decidiu realizar uma greve geral e uma manifestação em frente ao Congresso em 24 de janeiro, um dia antes da data em que o governo pretende que o polêmico pacote de reformas seja votado no Parlamento.
A central sindical, de raízes peronistas e que não tomava uma medida desse tipo desde o governo do conservador Mauricio Macri (2015-2019), já havia se mobilizado na quarta-feira para protestar contra o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) assinado na semana passada por Milei para desregulamentar a economia, instrumento que entrou em vigor nesta sexta-feira. O porta-voz da presidência chamou a atenção para o fato de a CGT não ter convocado nenhuma greve durante o governo do peronista Alberto Fernández (2019-2023) quando, em sua opinião, os trabalhadores tinham “salários ruins” e boa parte estavam na informalidade. “Não há precedente de se ter convocado uma greve geral tão rapidamente desde a posse de um novo governo, quando a herança que este governo recebeu é absolutamente brutal”, enfatizou o porta-voz.
O decreto presidencial foi seguido, na última quarta-feira, por um projeto de lei enviado ao Parlamento pelo Poder Executivo para declarar emergência pública na Argentina até o final de 2025 – prorrogável por mais dois anos – período durante o qual são delegados ao presidente amplos poderes legislativos em questões econômicas, financeiras, fiscais, de seguridade social, segurança, defesa, tarifas, energia, saúde, administrativas e sociais.
Nesta sexta-feira, o governador da província de La Rioja, no norte da Argentina, Ricardo Quintela, solicitou à Suprema Corte de Justiça que declarasse o decreto inconstitucional e ordenasse a suspensão total de seus efeitos. A esse respeito, Adorni disse que o decreto é “legal, constitucional e se concentra inteiramente na soma das liberdades”, de modo que “não há razão para que seja declarado inconstitucional no tribunal”.
*Com informações da agência EFE
Fonte: Jovem Pan