O Supremo Tribunal da Venezuela suspendeu, nesta segunda-feira, 30, “todos os efeitos” das primárias da oposição. A decisão acontece em meio a um cerco judicial a este processo, realizado pouco após os Estados Unidos relaxarem as sanções contra o país, em troca de condições eleitorais. As primárias para escolher o adversário do presidente Nicolás Maduro nas eleições de 2024 foram realizadas em 22 de outubro em um formato auto-gerenciado. Uma participação surpreendente de 2,4 milhões de pessoas acarretou levou à vitória arrebatadora da liberal inabilitada María Corina Machado, com 92% dos votos. Maduro, seu partido e o resto das autoridades alegaram que a oposição inflacionou os números e não reconheceu o processo. A Câmara Eleitoral do Supremo Tribunal de Justiça (TSJ, na sigla em espanhol), de linha pró-governo, admitiu um recurso de amparo contra as primárias, introduzido pelo deputado dissidente José Brito, tachado de colaboracionista. “Todos os efeitos das diferentes fases do processo eleitoral conduzido pela ‘Comissão Nacional de Primárias’ estão suspensos”, destaca a sentença, publicada no site do mais alto tribunal do país.
Um porta-voz do Departamento de Estado advertiu que Washington “tomará medidas se Maduro e seus representantes não cumprirem seus compromissos do roteiro eleitoral” com vistas às eleições presidenciais de 2024. As primárias foram celebradas cinco dias depois de o governo e a oposição acordarem respeito às votações internas em uma mesa de diálogo, na qual também decidiu-se realizar as eleições presidenciais no segundo semestre de 2024, com observação da União Europeia e outros atores internacionais. Em resposta, Washington aliviou por seis meses o embargo petroleiro imposto ao país em 2019. Luis Vicente León, analista político e diretor do instituto Datanálisis, descartou que, para além da reação, haja um recuo na suspensão parcial do embargo, em um contexto mundial de crise de energia. “Podem haver punições, redesenho da estratégia dos Estados Unidos para seguir pressionando Maduro”, disse a jornalistas. “O dilema hoje é licenças ou eleições porque se você mexe demais no processo de licenças, pode te levar a um processo de ‘nicaraguização’ do processo venezuelano”, afirmou, em alusão à cartilha de Daniel Ortega de prender e exilar seus adversários eleitorais.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan