O policial militar Gheymison Porto, que recebeu alta na última segunda-feira (23), falou pela primeira vez após o episódio do atropelamento, ocorrido no sábado (15), na AL-220, em Arapiraca. Além disso, ele está sendo ouvido na manhã desta quinta-feira (26), pelo delegado que investiga o caso, Edberg Sobral.
Em entrevista à TV Gazeta, o PM disse que só foi comunicado da morte da noiva, a também PM Cibelly Barboza, de 31 anos, cinco dias após o acidente. O empresário responsável pelo fato está preso temporariamente.
De acordo com o militar, nos primeiros dias em que esteve internado, ele não foi informado da morte da noiva e ficou bastante perturbado com a notícia.
"Eu passei vários dias no hospital, não sabia o que estava acontecendo. Ficava perguntando ao pessoal o que estava fazendo lá, o que estava acontecendo, onde estava minha mulher. Muitas pessoas diziam que ela estava em outro lugar, sendo cuidada em outro local. Eu ficava "apagando", sem lembrar o que estava acontecendo. Depois de quatro ou cinco dias, eu perguntei à minha mãe e ela disse que minha mulher não tinha conseguido sobreviver. Eu fiquei louco, muito perturbado", contou à TV Gazeta.
Sobre o dia do acidente, o militar diz também não lembrar de como ocorreu o atropelamento.
"No momento do acidente eu não lembro muita coisa. Lembro que a gente estava bem feliz, pegamos nossas bicicletas e fizemos o passeio que a gente fazia de vez em quando, lanchamos. Estávamos muito bem, muito felizes", relata.
Ele conta que a recuperação está sendo bastante difícil, já que ficou com algumas sequelas temporárias. O retorno para a residência do casal é outro desafio enfrentado por ele.
"Quando eu soube que a minha mulher tinha morrido, foi muito difícil. Voltar para casa foi difícil, mas a força dos meus amigos, da polícia, tem me deixado em pé. Foi uma graça de Deus ficar vivo naquele momento. Estou tendo dificuldade de falar, ouvir, andar, para muita coisa, mas vou ficar bem pela graça de Deus e a força de todos os meus amigos", disse.
O empresário Edson Lopes da Rocha, que atropelou os dois ciclistas, já havia se apresentado à Polícia Civil dias depois do acidente, mas foi liberado depois de prestar depoimento, já que havia expirado o flagrante. Na sexta (19), a Justiça decretou a prisão temporária dele por entender que se tratava de um empresário influente na região e que isso poderia dificultar os depoimentos de testemunhas.
A vítima sobrevivente afirmou que espera que o autor do atropelamento pague pelo crime que cometeu. Na entrevista, ele conta que não teve contato com o empresário nem com outro familiar dele.
"Não tive contato com ele nem com ninguém da parte dele. A parte que tive contato foi com a polícia, amigos e familiares. Espero que ele pague pelo que fez, porque é muito difícil perder alguém que se ama. A gente estava bem, tranquilo e vem alguém que tira a vida de alguém que você ama e que ama você. Ele ou qualquer que seja o culpado tem que pagar pelo que fez", ressalta.
O militar conta que os dois se conheceram dentro da corporação, há dois anos moravam juntos e tinham planos de ter filhos em breve.
"A gente se conheceu na corporação, ela morava no Sertão e tinha se formado há pouco tempo. Começamos a nos relacionar e ela veio trabalhar na escola militar. Eu morava em Pernambuco à época e vim para cá, ela me apresentou toda a cidade. A gente viveu juntos por dois anos, tínhamos uma vida movimentada, viajava bastante, andava de bike, fazia academia. Eu era doido para ter uma filha com ela, e ela queria se organizar, comprar casa", finaliza.