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Corinthians e Palmeiras disputam o título da Libertadores feminina com rivalidade turbinada por treta entre técnicos

O filme “Boleiros”, de 1998, eternizou uma famosa frase usada até hoje para dimensionar a importância do maior clássico de São Paulo: “Você não sabe o que é um Corinthians e Palmeiras“.

Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

O filme “Boleiros”, de 1998, eternizou uma famosa frase usada até hoje para dimensionar a importância do maior clássico de São Paulo: “Você não sabe o que é um Corinthians e Palmeiras“. Quem diz isso na obra-prima do palestrino Ugo Giorgetti é Edil, técnico fictício do Verdão magistralmente interpretado pelo são-paulino Lima Duarte. Aflito com a presença de uma maria-chuteira (vivida por Marisa Orth), o velho comandante ordena que seus jogadores sejam vigiados para que não caiam em tentação — o que depois se mostra infrutífero. Vinte e cinco anos depois, em um mundo no qual as mulheres no futebol não estão limitadas aos affairs com jogadores, são elas que protagonizarão o maior Dérbi do ano. A partir de 20h30 (de Brasília), em Cali, na Colômbia, as Brabas do Timão e as Palestrinas decidirão a Libertadores feminina pela primeira vez na história.

A rivalidade entre Corinthians e Palmeiras entre as mulheres atingiu em 2023 seu ponto máximo, mas nem sempre foi assim. Quando o Verdão reativou o departamento feminino, em 2019, o rival já era uma potência da modalidade. Naquele ano, o Timão ganhou sua segunda Libertadores (tem três no total) em uma final contra a Ferroviária, mas a derrota para o clube de Araraquara no Brasileiro acirrou os ânimos entre os times e os torcedores. Não foram poucos os corintianos que torceram o nariz quando a meia Yngrid deixou o Parque São Jorge para vestir grená em 2022. Alguns preferiam que ela aceitasse o convite do Palmeiras, a despeito da centenária rivalidade entre os dois clubes, que vai muito além do futebol masculino. Essa parte significativa da Fiel justificava que a Ferroviária é (ou pelo menos era) “nossa maior rival no feminino”.

O discurso mudou a partir do momento em que Leila Pereira, atual presidente do Palmeiras, ouviu os apelos da torcida e passou a investir no futebol feminino para tentar bater de frente com o Corinthians. Os jogos ficaram mais acirrados e as provocações começaram. Em 4 de junho de 2022, o Verdão conquistou sua primeira vitória sobre o rival nesta nova era da modalidade. Extasiadas, as zagueiras Thais e Augustina — que hoje já não defendem o Verdão — pegaram da torcida uma faixa com a frase “chupa, gambá” e colocaram a mão no nariz como se sentissem um cheiro pouco agradável. A foto viralizou e deu início a uma espécie de guerra entre corintianas e palmeirenses. A lateral-direita alvinegra Katiuscia não gostou do que viu e usou o Twitter (na época ainda não se chamava X) para responder: “Eu não ia falar nada. Mas não dá, né? É a primeira vez que vocês ganham um Dérbi. Menos, bem menos”. Incomodada, Thais retrucou, disse que as corintianas sempre foram provocativas e acusou a rival de não saber perder. “Se ganham, querem zoar. Antes de começar a partida, querem zoar. E agora percebi que não aguentam a zoeira quando perdem.”

As redes sociais também foram palco para outra rixa pública entre Brabas e Palestrinas. Em junho deste ano, a Federação Internacional de História e Estatística (IFFHS, na sigla em inglês) divulgou seu ranking com os melhores times femininos da atualidade. Liderada pelo Barcelona, atual campeão europeu, a lista tinha o Palmeiras na oitava colocação — única equipe brasileira no top 10. Sentindo-se desprestigiadas, as jogadoras do Corinthians ironizaram o feito rival após a Federação Paulista de Futebol divulgá-lo. “Fonte: vozes da minha cabeça”, caçoou a goleira Lelê. “Oh,véi”, escreveu Gabi Portilho, que acrescentou emojis de risada. O ranking levou em conta o desempenho das equipes em torneios nacionais e internacionais entre 1º de junho de 2022 e 31 de maio de 2023. Neste período, mais precisamente em 28 de outubro de 2022, o Verdão goleou o Boca Juniors por 4 a 1 e conquistou sua primeira Libertadores.

A briga mais recente, no entanto, não envolve nenhuma das jogadoras. Quase uma unanimidade no universo do futebol feminino, o treinador corintiano Arthur Elias não conta com a simpatia do colega Ricardo Belli, comandante do Palmeiras. Com o sucesso em preto e branco, onde conquistou até agora cinco Brasileiros (2018, 2020, 2021 e 2023), duas Libertadores (2019 e 2021), três Paulistas (2019, 2020 e 2021), duas Supercopas do Brasil (2022 e 2023) e uma Copa Paulista (2022), Elias foi o escolhido para substituir a sueca Pia Sundhage na seleção brasileira. Topou acumular os dois trabalhos por dois meses e fará neste sábado sua despedida do Timão, justamente contra o grande desafeto.

Belli detonou a primeira convocação do corintiano devido à presença de nove “brabas”: as goleiras Leticia Izidoro e Kemelli, as laterais Tamires, Yasmim e Kati, as meio-campistas Luana e Duda Sampaio e as atacantes Gabi Portilho e Jheniffer. “Eu só achei estranho ter dez jogadoras do mesmo time na mesma convocatória”, disse o palestrino, errando a conta. “Se fosse o Diniz fazendo isso, estava todo mundo dando porrada. Mas, feminino, às vezes, é um pouco terra de ninguém.” Exaltado, Arthur Elias classificou como “muito infeliz” a declaração do rival e lembrou até do histórico entre os dois times. “A hora que um treinador de um time tão grande e qualificado como o Palmeiras coloca em dúvida uma convocação de atletas do Corinthians, a gente fica preocupado. A comparação com o masculino e o Diniz não cabe. Tenho certeza que se ele tivesse uma equipe no Brasil com a história e a qualidade que nós temos, certamente ele convocaria um número elevado também. O mais lamentável é colocar que o futebol feminino é terra de ninguém. É uma terra de muitos sonhos, de muita gente que trabalha arduamente. Não sei como ele tem essa opinião das atletas do Corinthians, pois, pelo confronto que nós tivemos com ele no comando do Palmeiras, a equipe dele nunca nos venceu, a não ser um jogo em que coloquei as categorias de base.”

Os finalistas

Corinthians

Campanha na Libertadores-23: 4 vitórias, 1 empate e 0 derrota
Maior goleada: 6 a 0 (no Always Ready, 1ª fase)
Destaques: Lelê (goleira), Tamires (lateral/meia), Gabi Zanotti (meia) e Jheniffer (atacante)
Títulos: 3 Libertadores (2017, 2019 e 2021), 5 Brasileiros (2018, 2020, 2021, 2022 e 2023), 1 Copa do Brasil (2016), 2 Supercopas do Brasil (2022 e 2023), 3 Paulistas (2019, 2020 e 2021) e 1 Copa Paulista (2022)

Palmeiras

Campanha na Libertadores-23: 5 vitórias, 0 empate e 0 derrota
Maior goleada: 6 a 0 (no Caracas, 1ª fase, e no Olimpia, quartas)
Destaques: Ary Borges (meia), Bia Zanerato (atacante) e Amanda Gutierres (atacante)
Títulos: 1 Libertadores (2022), 2 Paulistas (2001* e 2022) e duas Copas Paulistas (2019 e 2021)

Fonte: Jovem Pan

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