A defesa do ex-ministro Anderson Torres classificou trechos do relatório apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) na CPMI do 8 de Janeiro como “meras conjecturas”, afirmando que inexistem provas sobre o conhecimento ou envolvimento do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal com os atos de 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas. Em documento de 15 páginas, os advogados pedem esclarecimentos e a reconsideração do pedido de indiciamento do ex-secretário, falando em uma medida “injusta” que “acarretará danos incalculáveis à sua imagem e à sua honra”. “A fim de que não se cometa uma grave injustiça, requer que os esclarecimentos mencionados no tópico 2 da presente petição sejam devidamente realizados, antes da votação do Relatório Final da Comissão, e diante das respostas, V. Exa. reconsidere o indiciamento do peticionário”, diz o documento.
Os advogados rebatem trecho do relatório de Eliziane que afirma que Anderson Torres era um das autoridades públicas que mais possuía conhecimento sobre as ameaças de golpe de Estado. “Assim sendo, requer que Vossa Excelência informe onde estão as provas que demonstram o conhecimento de tais fatos por parte de Anderson Torres”, pedem os advogados, que também apresentam outros pedidos de provas ao longo do documento. Entre elas, que demonstrem a “cooptação" de peritos por parte de Anderson Torres; que comprovem o ex-ministro tinha conhecimento do conteúdo que seria apresentado durante transmissão ao vivo, em 29 de julho de 2022, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro; que também comprove que Torres atendeu aos pedidos do ex-chefe do Executivo; e sobre “eventual conluio existente entre Anderson Torres e Silvinei Vasques”, também alvo de pedido de indiciamento.
A defesa também minimiza a minuta do golpe encontrada na casa de Anderson Torres e solicita que a relatora da CPMI esclareça o valor jurídico do documento. Eles alegam que “outros agentes políticos receberam minutas com conteúdo semelhante, e nem por isso foram indiciados” e chegam a sugerir que o documento seja chamado de “minuta do google”. Em seu relatório, a senadora Eliziane Gama afirma que, ainda que Torres alege que sequer tinha conhecimento a respeito do documento, ou que ele seria descartado, os fundamentos “não se revelam críveis”. ” Isso porque o documento estava devidamente colocado em posição de fácil acesso, próximo a bens pessoais – que certamente não seriam igualmente descartados”, diz a relatora. Como o site da Jovem Pan mostrou, além de Anderson Torres, outros pedidos de indiciamento incluem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-diretor da Polícia Federal Rodoviária, Silvinei Vasques, os ex-ministros Walter Braga Netto (Defesa e Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI), entre outras autoridades.
Fonte: Jovem Pan