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Jornal da Manhã

"Bilateral com o Zelensky seria importante", aponta professor de relações internacionais sobre Lula na ONU

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira, 19, com foco na busca por soluções contra fome e mudanças climáticas.

Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) começa nesta terça-feira, 19, com foco na busca por soluções contra fome e mudanças climáticas. A presença de Volodymyr Zelensky trouxe expectativa para um encontro entre o presidente da Ucrânia e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ambos se desencontraram no G7, após o cancelamento de uma reunião, e devem se reunir em Nova York nesta semana. Para falar sobre o possível roteiro de Lula na assembleia da ONU, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o professor de relações internacionais da UERJ Paulo Velasco, que destacou a reunião entre os dois chefes de Estado. “Importante o encontro com o Zelensky, sem dúvida, justamente pela frustração que aconteceu ali na reunião do G7, em que essa bilateral por vários motivos não ocorreu. Mas eu não vejo de fato o Brasil inclinado a mudar efetivamente a sua posição no que tange o conflito, no que tange a guerra, em apoiar o envio de armas para a Ucrânia, por exemplo, ou assumir uma posição condenatória mais contundente.”

“O Brasil já condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia no ano passado, em várias votações no âmbito da ONU, no Conselho de Segurança. Mas o Brasil não apoia o isolamento da Rússia, o Brasil não apoia sanções mais profundas contra a Rússia. Não vejo, de fato, o presidente Lula disposto a mudar tão radicalmente a posição brasileira. De todo modo, uma bilateral com o Zelensky seria importante para o Brasil afirmar diretamente ao presidente ucraniano a disposição de atuar como um potencial mediador ao lado de outros países (…) Não há um ambiente melhor para fazer isso do que a própria ONU”, explicou.

Velasco ressaltou que o discurso do Brasil, que abre a cúpula, historicamente tem impacto na cena internacional e projetou qual deve ser o foco de Lula. “Certamente veremos o presidente Lula insistindo em temas que têm sido enfatizados ao longo dos últimos tempos, a importância do Brasil assumir um papel de protagonismo na questão climática e na questão ambiental de maneira mais ampla, a defesa de uma nova arquitetura financeira global, um compromisso amplo no combate à fome, no combate à pobreza e na redução da desigualdade entre os países. São temas sempre prioritários para o Brasil e têm aparecido nos discursos do presidente Lula ao longo dos últimos meses em várias reuniões, com várias lideranças.” Além do discurso de abertura, o professor de relações internacionais disse que há a expectativa para iniciativas com outros países no campo econômico e no combate às desigualdades.

“Já foi proposta a ideia do Brasil de uma aliança global a partir do G20 financeiro, contra a fome e contra a pobreza. Está se especulando a possibilidade de haver a criação, junto com o governo norte-americano, de uma medida concreta a favor da promoção do trabalho decente no mundo, no sentido de tentar ampliar garantias trabalhistas. Em boa parte do globo, isso é praticamente inexistente. A expectativa é de algo para além do discurso, algo que seja prático, que seja concreto, e permita aos Estados, em um ambiente multilateral como é a ONU, promoverem iniciativas e ações de coordenação e cooperação em direção à construção de uma ordem internacional mais justa, menos assimétrica e menos desigual”, argumentou. Confira a entrevista na íntegra no vídeo abaixo.

Fonte: Jovem Pan

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