Horas após a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) oficiar a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), para requisitar um plano de enfrentamento para um possível surto de meningite no estado de Alagoas, o chefe do Gabinete de Combate às Doenças Infecciosas da Sesau, infectologista Renee Oliveira, concedeu entrevista ao programa Cidade AL, da TV Pajuçara, e confirmou o aumento acima do normal de casos da doença.
"É um aumento expressivo no número de casos, então se colocarmos num parâmetro, sobre o que é um surto, é possível dizer sim que é um surto neste momento", disse o médico. "Já tem um tempo que a preocupação existe. Tanto para a Sesau, o Estado de Alagoas, quanto para o município de Maceió, onde há maior concentração dos casos. Estamos buscando esse diagnóstico como também agilidade, ao identificarmos o paciente com meningite, para iniciar o tratamento. A situação está sendo organizada há um bom tempo", destacou.
Ainda de acordo com o infectologista, ainda não há necessidade de ampliação de leitos. "A preocupação seria com relação a se buscar em aumentar o número de leitos. Nós temos hoje o Hospital Hélvio Auto, como também o Hospital da Criança, e podemos até ampliar também para o Hospital Metropolitano, mas acho que isso tem ligação direta com mais aumento de casos, e hoje ainda não é necessário".
"Os quadros de meningite bacteriana vão acontecer sempre, porque é uma doença, um problema de saúde que é inerente ao ser humano. A pessoa albergar o meningococo na faringe na forma assintomática... Ea preocupação maior seria com a prevenção, e a principal delas é a vacinação. E a partir deste ponto, da cobertura vacinal inadequada, é que temos hoje o aumento do número de casos. Mas isso está sendo investigado pelo Ministério da Saúde", complementou.
O médico reforçou que é necessário buscar a vacina tanto no setor público quanto no setor privado, para quem tem condições financeiras. "Nós perdemos essa capacidade de vacinar as nossas crianças, seja sarampo, poliomielite, e no meio também, as vacinas contra meningite. Devemos considerar que na rede pública nós temos a vacina contra o meningococo, tipo C, nós temos vacinas contra outras bactérias que causam meningite. Mas no momento em Alagoas, houve aumento de casos do meningococo tipo B, e para este tipo ainda não há na rede pública, porque o Ministério de Saúde ainda não incorporou no programa nacional de imunização. Ela só existe na rede privada", explicou.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde, em Maceió, destacou que o estudo para o controle do surto da doença está em andamento. "A Secretaria de Saúde de Maceió informa que recebeu oficialmente da Defesoria Pública o questionamento sobre a existência de um estudo para o controle de um possível surto de meningite na capital alagoana. Em resposta ao documento, a SMS informou que o referido estudo já está em andamento, contanto, inclusive, com a participação e validação por parte do Ministério da Saúde sobre estratégias que podem ser adotadas para a prevenção dos casos, além das que já são realizadas pela Vigilância em Saúde, como vacinação, profilaxia de contatos próximos a casos confirmados, entre outras".
Defensoria cobra ações - A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL) oficiou, nesta quarta-feira, 13, as Secretarias Municipais de Saúde de Maceió (SMS) e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), requisitando que os entes públicos apresentem, em até 10 dias, um plano de enfrentamento da meningite no estado de Alagoas e mais especificamente no município de Maceió.
O pedido foi assinado pelo Defensor Público do Núcleo de Proteção Coletiva, Daniel Alcoforado, e pede que sejam detalhadas quais medidas já foram aplicadas e os prazos para a adoção de novas iniciativas que reduzam o risco de transmissão e garantam o tratamento adequado aos cidadãos.
Nesta manhã, a Sociedade Alagoana de Infectologia alertou as autoridades e a população alagoana sobre o surto de doença meningocócica (um tipo de meningite) em Maceió. Segundo boletim da Sesau, entre os meses de janeiro e junho deste ano, os casos da doença dobraram em Alagoas. No período, foram registrados 29 casos de meningite, 21 apenas na capital, e 5 mortes, um número superior ao registrado no mesmo período anterior, quando foram registrados 24 casos e 4 mortes, segundo a Sesau.