O total de cidadãos afetados pelos temporais no Rio Grande do Sul é de aproximadamente 135 mil. Em meio a esta situação, que já é a maior tragédia climática do Estado, Miguel Rutiliano Bieleski, alega que a Defesa Civil de Lajeado, no Vale do Taquari, foi omissa no atendimento à sua família, o que acarretou no desaparecimento de sua esposa e dois filhos desde o fim da manhã de terça-feira, 05. “Peças de roupa da Yasmin, o vestido da minha esposa, é só isso que eu tenho deles agora. Pela negligência de ajudar as pessoas, por não terem vindo quando eles prometeram que iam vir, que iam trazer ajuda e mandaram eu esperar dentro de casa, me deram uma falsa esperança e agora eu tenho o que? Só isso aqui. Pela falta de caráter do que falaram para mim de esperar as pessoas”, relatou o sobrevivente em entrevista à Jovem Pan News.
Depois que a casa foi inundada, Miguel e a esposa Ariel Armani, de 26 anos, a filha Yasmin, de um ano, e o filho Miguel Júnior, de nove meses, subiram no telhado, de onde pediram ajuda à defesa civil: “Terça-feira, às 4h50, começou a entrar água. A defesa civil falou para a gente que ia chegar a 25 metros. Aqui nesse ponto, é para chegar a 26 metros e alagar as casas. Então eles não nos deixaram preocupados com isso. Então, às 4h50 começou a entrar água. 6h a água não parava de subir e eu comecei a ligar para a guarda civil. Eles mandaram eu aguardar em casa, que dentro de dez, quinze minutos, meia hora, ia chegar socorro e era para eu me aguardar com os meus filhos e com a minha esposa aqui. E não veio ninguém”.
O gaúcho ainda relata que por volta das 11h30 daquela terça dois barcos da Defesa Civil passaram pelo telhado onde a família estava alojada: “Não quiseram entrar aqui, passaram aqui na frente só. Nós mostramos as crianças, eles não vieram. Pela negligência de ajuda, como foi feito, porque eles deram esperança, disseram para a gente aguardar dentro de casa, ninguém apareceu”. Cerca de uma hora depois, a água levou a casa e a família. Miguel afirma que só conseguiu se salvar porque ficou preso em uma árvore: “Nós viemos com o telhado, aí o telhado bateu naquela árvore ali, e dali eu não consegui mais ver ninguém. Eu estava segurando eles, as telhas, as madeiras que bateram na minha cabeça, eu soltei eles e depois não vi mais ninguém”.
*Com informações do repórter KK Martins
Fonte: Jovem Pan