Depois de semanas de negociações, a novela envolvendo as trocas no primeiro escalão do governo Lula deve acabar nesta quarta-feira, 6. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, no Palácio do Alvorada, os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). A ministra do Esporte, Ana Moser, que deve deixar a pasta, e o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, responsável pela articulação política, também estão presentes – o encontro não consta na agenda oficial de Lula. A expectativa é que o Planalto oficialize as mudanças na Esplanada dos Ministérios nas próximas horas. Fufuca deve substituir Moser, enquanto Costa Filho comandará o Ministério de Portos e Aeroportos, hoje sob o comando do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB). O cacique do PSB deve migrar para o Ministério da Pequena Empresa, que será criado (será a 38º pasta da gestão petista). Nos bastidores, discute-se a possibilidade de o nome ser alterado para Ministério do Empreendedorismo – a ideia é não “diminuir” a importância da pasta, que será comandada por um quadro do partido do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin.
Na prática, o anúncio oficializa a entrada do Centrão no primeiro escalão do governo Lula, em um movimento que visa aumentar a base governista no Congresso Nacional – ou, ao menos, garantir votos de uma parcela destes partidos em votações importantes. O presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), vice-presidente da Câmara dos Deputados, já afirmou diversas vezes que a sigla atuará de forma independente em relação ao Palácio do Planalto. Em razão disso, há a expectativa de Costa Filho pedir licença do partido.
A novela envolvendo o ingresso do Centrão no governo Lula se arrastou pelos últimos meses e foi marcada por idas e vindas. No início das tratativas, o presidente da República atuou para blindar os ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social da cobiça das legendas. Uma das alternativas colocadas na mesa, então, foi criar o Ministério da Pequena Empresa, hoje uma secretaria subordinada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, chefiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin. Esta hipótese foi refutada pelas legendas, uma vez que o órgão tem pouco orçamento e um número reduzido de cargos. A exigência por uma pasta turbinada, inclusive, desencadeou a articulação para a transferência da Secretaria das Apostas Esportivas para o Esporte. Além disso, nos últimos dias, o PP passou a pleitear a criação de quatro novas secretarias, para destinar emendas parlamentares – uma delas trataria de jogos eletrônicos.
*Reportagem em atualização.
Fonte: Jovem Pan