A importação de produtos com valor de até US$ 50 (equivalente a cerca de R$ 240) cresceu 11,4% nos sete primeiros meses de 2023, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O total das vendas chegou a 3,3 bilhões de itens e a maioria veio da China. Em entrevista à Jovem Pan News, Lincoln Fracari, especialista em exportação chinesa, explica que o fenômeno tem a ver com a facilidade em se comprar on-line: “As pessoas eventualmente percebem que esse é um caminho mais barato e começam a comprar em volumes maiores para poder revender isso e começar a ter sua própria margem. Há uma brecha em que esses produtos que são abaixo de US$ 50 você não paga imposto nenhum, e você pode usar a ‘linha cinza’ e comprar com mais de um CPF, comprar produtos como se fossem só para consumo e na verdade é para revenda”. Os dados do CNC revelam que os produtos que os brasileiros mais compraram da China foram Meias e Meias Calças, com 232 milhões de unidades, o que representa um aumento de 44% em relação a 2022.
Na sequência estão Mochilas (82 milhões de unidades), Brinquedos (47 milhões de unidades), Lâmpadas (46 milhões de unidades) e Bolsas (24 milhões de unidades). Fracari aponta que a tendência de comprar produtos chineses deve se manter, já que o Brasil ainda precisa investir no setor industrial: “A gente, por ter fomentado e feito a economia nesse modelo, com baixas indústrias aqui, o que faz com que a gente tenha que importar produtos prontos da China”. Para a CNC, o aumento dos dados de importação está diretamente relacionado com a alta carga de impostos aplicada no Brasil, enquanto há um tratamento diferenciado para as mercadorias estrangeiras que não ultrapassam o valor de US$ 50. Atualmente, estes produtos não estão sujeitos a impostos desde que as empresas cumpram as normas do Remessa Conforme. novo programa do governo.
O economista André Galhardo ainda destaca que a alta competitividade da China, com mão de obra barata e leis trabalhistas flexíveis, é um fator que contribui para este resultado: “A China ainda tem mais competitividade do que o Brasil e a maioria do resto do mundo por diversos fatores, tais como um câmbio desvalorizado que transfora o custo dos países asiáticos muito menor do que de fato parece ser. Tem a questão da influência do governo, com subsídios e todo o esforço para que a China alcance mercados fora da Ásia. É uma questão não só econômica, mas também geopolítica”.
*Com informações da repórter Letícia Miyamoto
Fonte: Jovem Pan