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Eleições 2024

Deixar Nunes como único candidato da centro-direita fortalece Boulos, diz Kim Kataguiri 

Deputado federal e um dos fundadores do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim Kataguiri (União Brasil-SP), de 27 anos, é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024.

Foto: Reprodução internet
Foto: Reprodução internet

Deputado federal e um dos fundadores do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim Kataguiri (União Brasil-SP), de 27 anos, é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2024. O parlamentar decidiu concorrer ao pleito após disputar as prévias entre os membros do movimento do qual faz parte. Entre os quatro principais nomes aventados para a disputa, ao lado de Tabata Amaral (PSB), Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), Kim se considera o único à direita do espectro político. Em entrevista ao site da Jovem Pan, o parlamentar também fez críticas à atual gestão municipal e ao colega de Câmara do PSOL, que recebe o apoio do presidente Lula. Em seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, o deputado do União afirma que não largará seu trabalho em Brasília caso vença, pois a Prefeitura terá um escritório no Distrito Federal e ele influenciará “bancadas inteiras” com o novo cargo público. Pré-candidato com maior rejeição, segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira, 31, o integrante do MBL justifica o dado por ser a figura mais desconhecida da população. À reportagem, o pré-candidato ao comando da maior cidade da América Latina ainda afirma que as suas prioridades, se eleito, serão a segurança pública e a assistência social pois, segundo ele, os cidadãos não estão tendo acesso a “‘todos os programas da prefeitura que têm direito”. Confira abaixo os principais trechos da entrevista com Kim Kataguiri:

O que o motivou a disputar esta eleição? Uma das principais razões é que hoje São Paulo não tem prefeito. Você tem um governante que ninguém sabe quem é, porque ele não está presente nas ruas, não está ouvindo os problemas da cidade, e São Paulo está absolutamente largada para o crime. Seja o crime organizado, com tráfico de crack, com o livre fluxo da Cracolândia, em que o prefeito parece que só descobriu que ela existe agora; seja pela epidemia de furtos e roubos que temos assistido, principalmente nas regiões centrais da capital. Tem também a precária situação nas periferias, onde você vê a miséria em São Paulo, a cidade mais rica rica da América Latina. A realidade de pobreza só aumentou nos últimos meses. A prefeitura é a instância que mais dispõe de poderes para enfrentá-la, mais do que o governo estadual e federal, e não faz o seu trabalho. Como resultado, temos batido recordes de moradores de rua. Então, todas estas razões me levaram a colocar meu nome à disposição, e, assim, me tornei pré-candidato pelo União Brasil à Prefeitura de São Paulo.

O senhor não acredita que duas candidaturas de direita, a sua e a do Ricardo Nunes (MDB), podem dividir os votos e, por tabela, fortalecer a pré-candidatura de Boulos? Não, porque o Nunes não é de direita. Ele mesmo diz que é um cara de centro que acolhe gente de dentro do governo e dá cargos e emendas para gente do PT e do PSOL. E ele fala isso abertamente, coisa que não vai haver no meu governo, não haverá nenhuma participação de gente do PT ou do PSOL na administração. Nem vereadores ditando o que acontece na administração, principalmente, na educação, porque vemos a assinatura do prefeito em uma cartilha orientando que se ensine ideologia de gênero nas escolas municipais. Em segundo lugar, mesmo que ele fosse um sujeito de direita, isso não beneficiaria a esquerda, porque vai ter segundo turno de qualquer jeito. Ninguém vai ter 50% mais alguns votos no primeiro turno, nem de esquerda nem de direita. Em um mundo hipotético os eleitores se aliariam em torno da candidatura de direita no segundo turno, mesmo se os candidatos não se aliarem.

Qual a sua avaliação sobre a pesquisa Datafolha que saiu esta semana? Como interpreta ser o candidato mais rejeitado? Interpretei de maneira muito positiva, não esperava que tivesse tanta intenção em um período tão distante da campanha, não comecei sequer a pré-campanha. Estou na fase de elaboração, estudo e pesquisa para o plano de governo. A rejeição eu interpreto como desconhecimento. Dentre os quatro primeiros na pesquisa, sou aquele com maior índice de desconhecimento, por nunca ter disputado uma eleição majoritária e também por não ter um um padrinho político de peso. Estou disputando basicamente com base na minha própria militância e intenções de voto. Vejo com muita tranquilidade essa questão da rejeição, porque quando as pessoas tiverem contato maior com as minhas propostas e com o plano de governo, essa rejeição vai diminuir. Acredito até que boa parte dela vai se transformar em intenção de voto.

Recentemente, o PL decidiu rifar a candidatura de Ricardo Salles por considerá-lo extremista, e, segundo o partido, a eleição pede um nome mais ao centro. O senhor acha que este pensamento é válido? Eu acho que o PL tem que resolver suas questões partidárias internamente. Não cabe a mim discutir quais são as decisões ou as brigas internas do partido. Agora, essa avaliação de que essa eleição é para uma pessoa de centro, eu discordo. Acredito que a população de São Paulo quer alguém com valores de direita, principalmente, para combater os crimes que têm acontecido. Recentemente, tivemos o reconhecimento pelo Judiciário de que os Guardas Civis Metropolitanos fazem parte das forças de segurança pública, papel que sempre exerceram, mas somente agora receberam esse apoio legal. Dessa forma, estes agentes podem fazer revistas e abordagens, e essa foi uma luta nossa. Então, a avaliação de que esta eleição é de centro, eu discordo. Primeiro, o que é o centro? Qual é o posicionamento do centro? O que o sujeito de centro acredita? Ninguém sabe. Eu tenho com muita clareza: o que o Ricardo Nunes está expressando para população ao se dizer de centro é que ele já foi base do governo PT e do PSDB. Para ele, o que interessa é quem está com o poder e a chave do cofre para ser base e receber cargos e emendas. Ele tem feito isso na sua carreira política inteira.

Caso vença as eleições, você terá que largar seus trabalhos no Congresso Nacional. Acha que este é o momento adequado? Eu não estaria largando o trabalho em Brasília, porque eu faria o que o prefeito de São Paulo não faz, que é ter um escritório da Prefeitura de São Paulo no Distrito Federal para defender os interesses da cidade, que são praticamente 100% coincidentes com os interesses do Estado, que eu represento no Congresso Nacional. Então, deixaria de ser apenas um voto de deputado federal, para, como prefeito, ter influência sobre bancadas inteiras de dezenas de deputados nas votações, e, também, continuar defendendo as minhas bandeiras e convicções, principalmente em relação à preservação do orçamento da cidade de São Paulo, que ano após ano é saqueado por Brasília para ser repassado para outros Estados e municípios. São Paulo, hoje, é a única capital que não tem um escritório político em Brasília. Uma das minhas primeiras atitudes vai ser montar este espaço para fazer os enfrentamentos enquanto o prefeito.

O pré-candidato Guilherme Boulos construiu uma aliança com o PT. Ele é um candidato competitivo? Hoje ele é um dos maiores riscos para a cidade de São Paulo, pois está extremamente forte. Saiu derrotado nas últimas eleições de 2020, mas muito mais conhecido. O apoio do Lula em São Paulo faz uma grande diferença e com certeza vai ajudá-lo. E essa é mais uma razão pela qual eu decidi ser pré-candidato, porque entendo que a pré-candidatura do Ricardo Nunes é completamente inviável e fraca para fazer um enfrentamento à pré-candidatura do Guilherme Boulos. Ricardo Nunes é um sujeito que não está acostumado ao debate político e a entrevistas, ele se posiciona mal, fala mal, se expressa mal e governa mal, ou seja, se a gente deixasse só a pré-candidatura do Ricardo Nunes estaríamos fortalecendo a pré-candidatura de Guilherme Boulos, que na análise feita por todos já está praticamente no segundo turno. Isso é aterrorizante, porque conhecemos como funciona o PSOL na Câmara dos Deputados: é o partido mais radical e mais esquerdista que o PT. Conhecemos também a administração do PSOL na cidade de Belém, que tem a pior avaliação dentre todas as capitais do Brasil. Belém é uma cidade que eu conheço bastante, minha mãe é paraense, frequentei a cidade minha vida inteira e sei que hoje ela está absolutamente destruída. Não tem nenhum precedente de outra administração tão ruim quanto a administração hoje do Edmilson Rodrigues.

Considerando a força de Boulos na periferias da cidade, quais são suas promessas de campanha para este segmento? O primeiro ponto é demonstrar que esse apelo que o Boulos tem na periferia é baseado em um discurso falacioso e mentiroso, porque na última vez que o PT governou a cidade de São Paulo, a periferia não foi priorizada. Pelo contrário, você teve a priorização dos bairros mais ricos. O Haddad perdeu, principalmente, nas periferias e foi mais votado nos bairros mais nobres, porque do plano de metas dele, cumpriu mais metas nos bairros mais ricos do que nos bairros mais pobres. Enquanto estava faltando uma unidade básica de atendimento e um Centro Referência de Assistência Social em Sapopemba, ele estava terminando a ciclovia na Avenida Faria Lima e na Avenida Paulista. Mas indo para o campo propositivo, existe uma séria deficiência nos Cras, especialmente no extremo sul de São Paulo: temos mais de 40 distritos da cidade que não são atendidos por nenhum centro. Tenho feito esse mapeamento e constatei que os programas sociais da Prefeitura não chegam nessas pessoas, porque não há pessoas para fazer esse atendimento. Também não tem uma integração dos programas sociais das outras secretarias. Uma secretaria não sabe qual é o programa social que a outra oferece, e com isso falta eficiência.

Na habitação, temos condições e orçamento para garantir que ninguém fique na rua, não precisaria comprar um imóvel sequer para garantir uma moradia digna para quem não tem essa moradia. Em Salvador, cidade com orçamento muito menor e população mais pobre, há um programa chamado "Morar Melhor", que eu pretendo trazer para São Paulo. A iniciativa permite que a pessoa tenham acesso a R$ 11 mil para fazer a reforma no cômodo que ela quiser e do jeito que ela quiser. Aqui em São Paulo, acredito que a gente poderia disponibilizar o orçamento ainda maior. Ainda não fechei os cálculos, porém será mais de R$ 11 mil, e, nesse cenário, mais de dois milhões de moradias que estão precarizadas e precisando de reparos estruturais serão reformadas. Além, é claro, de um programa para escutar os bairros, via aplicativo, para que decidam quais obras eles querem que a prefeitura faça na localidade. Vamos ver efetivamente o que o bairro está necessitando, em vez de ouvir uma vontade política do prefeito, de um secretário ou de um sub-prefeito. Os moradores dos bairros vão decidir por aplicativo duas obras por ano, em média.

Quais as marcas de seu provável futuro mandado? Segurança pública e assistência social. Segurança pública no sentido de ter uma política de tolerância zero com crime, coisa que já tenho trabalhado em Brasília. Nessa semana, aprovamos a urgência do meu projeto que aumenta a pena mínima e máxima de furto e de roubo para a gente não ter mais esse problema de que um sujeito é pego, mas, mesmo condenado, não cumpre pena na cadeia. Principalmente no caso de furto, ele cumpre em regime aberto, ou tem alguma conversão da pena restritiva de liberdade para uma pena restritiva de direito, em que ele paga multa, entrega cesta básicas básicas, ou coisas do tipo. Queremos fazer o seguinte: todo mundo que roubou e furtou precisa ser preso e cumprir um tempo de cadeia exemplar, para não dar o incentivo para que novas pessoas cometeram esse tipo de crime.

Enquanto prefeito, sem dúvida nenhuma, uma das minhas prioridades é ter fachada ativa, uso misto de imóveis, para que se ter comércio em baixo e moradias em cima, como tem em Nova York e Barcelona. Com fachada ativa você tem olhos na rua, comércio e movimento. Assim há diminuição da incidência de roubos e de assaltos. O uso misto de imóvel fomenta a economia, gera olhos nas ruas, uma fachada ativa, uma cidade viva e diminui a incidência de crimes. Sobre iluminação, vamos colocar a iluminação 100% de LED na cidade de São Paulo, coisa que Salvador já tem e outras capitais também. Temos orçamento para fazer, isso contribui com a vigilância tanto da população como da polícia, pois as câmeras funcionando à noite com iluminação à led facilita muito a identificação de criminosos e a resolução de crimes. E, também, a recriação da Romu, a Rota Municipal, com rotas ostensivas feitas pela guarda municipal no combate ao crime. Este programa foi terminado no governo da Marta Suplicy e não voltou até hoje. Em vez da Guarda Municipal ficar multando bar, restaurante e carro com pistola de velocidade, vai voltar a fazer policiamento ostensivo e passar a sensação de segurança.

Do ponto de vista da Assistência Social, primeiro: o cadastro único na cidade de São Paulo não é atualizado desde 2014. Nós não temos, com precisão, dados das famílias que precisam de assistência social da Prefeitura. O mínimo não está sendo feito. Uma vez que temos atualização cadastral, precisa ter um profissional formado e treinado para integrar aquela pessoa a todos os programas da Prefeitura que ela tem direito. Assistência social não se resolve com problema global, mas se resolve especificamente, por exemplo: uma pessoa que está fora do mercado de trabalho, porque não tem qualificação profissional ou sua profissão deixa de existir, precisa de um curso, aí vamos encaminhar essa pessoa para Secretaria do Trabalho. Tem a pessoa que está passando fome, vamos encaminhar para o Cras para receber uma cesta básica, ou, eventualmente, até uma bolsa municipal.

Fonte: Jovem Pan

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