Um grupo de oficiais militares declarou um golpe de Estado no Gabão, na costa oeste da África Central, nesta quarta-feira, 30. Autoridades eleitorais haviam acabado de anunciar a vitória do presidente Ali Bongo para um terceiro mandato. Doze militares apareceram na emissora de TV estatal ‘Gabon 24’ afirmando que tomaram o poder do país que, segundo eles, “enfrenta uma grave crise institucional, política, econômica e social”. O grupo invalidou o resultado das eleições presidenciais, realizadas no último final de semana. Na capital, Libreville, centenas de pessoas celebraram o golpe nas ruas. Assim como o Niger, que está sob comando de militares desde um golpe no fim de julho, o Gabão foi uma colônia da França até 1960.
Até o momento, não foi possível descobrir onde está Ali Bongo Ondimba, que está no poder há 14 anjos e cuja família governa o país há mais de 55 anos. A eleição aconteceu sem a presença de observadores internacionais. Os militares, que alegaram falar em nome de um “Comitê para a Transição e Restauração das Instituições”, anunciaram a dissolução de “todas as instituições” do país do centro-oeste da África, rico em petróleo. Eles afirmaram ainda que as fronteiras do país permanecerão “fechadas até nova ordem”. Entre os militares que fizeram o anúncio, estavam membros da Guarda Republicana (GR), a guarda pretoriana da presidência, cujos integrantes são reconhecidos por suas boinas verdes, além de soldados do exército oficial e membros da polícia.
A França afirmou que acompanha a situação no Gabão “com grande atenção”. A China anunciou que “acompanha de perto a evolução da situação” e pediu garantias à segurança de Bongo.
Eleições polêmicas
A ação dos militares aconteceu poucas horas após o anúncio da reeleição do presidente Ali Bongo Ondimba, que segundo a autoridade eleitoral recebeu 64,27% dos votos. Os resultados oficiais da votação foram divulgados durante a madrugada pela televisão estatal, sem qualquer aviso prévio. O anúncio aconteceu durante toque de recolher e com o serviço de internet cortado em todo o país, medidas impostas pelo governo antes do fim da eleição para evitar, segundo as autoridades, a divulgação de “notícias falsas” e possíveis “atos de violência”. O acesso à internet foi restabelecido após o anúncio dos militares.
Bongo concorreu por um terceiro mandato, reduzido de sete para cinco anos. Os resultados indicam que seu principal rival, Albert Ondo Ossa, teve 30,77% dos votos. Ondo Ossa denunciou “fraudes orquestradas pelo grupo Bongo” duas horas antes do fim do horário de votação e reivindicou a vitória. O candidato opositor, 69 anos, foi o nome escolhido oito dias antes das eleições pela principal plataforma de partidos de oposição, ‘Alternance 2023’. Desta maneira, o professor de Economia da Universidade de Libreville e ex-ministro de Omar Bongo teve apenas seis dias para fazer campanha.
* Com informações de agências internacionais
Jovem Pan