Uma comunidade indígena no oeste do Canadá descobriu 93 túmulos anônimos de crianças e bebês próximos ao local onde funcionava um antigo internato. A informação foi divulgada nesta terça-feira, 29, por autoridades. Desde 2021, comunidades em todo o país registraram mais de 1.300 sepulturas anônimas próximas a instituições educacionais religiosas que abrigaram crianças indígenas por mais de um século, como parte de uma política canadense de assimilação forçada. “O que encontramos foi dilacerante e devastador”, disse Jenny Wolverine, líder do grupo indígena da Primeira Nação de English River, em uma coletiva de imprensa. “Até o momento, há 93 possíveis túmulos anônimos, 79 crianças e 14 bebês.” “Deixem-me ser clara… este não é um número definitivo”, referindo-se à possibilidade de esse número aumentar. A descoberta ocorreu próximo ao local onde ficava o internato de Beauval, na província de Saskatchewan, que foi demolido por ex-alunos após seu fechamento em 1995, de acordo com a Universidade de Regina. Entre o final do século XIX e meados da década de 1990, cerca de 150 mil crianças indígenas foram forçadas a ingressar em 139 internatos em todo o Canadá, sendo afastadas de suas famílias, línguas e culturas. Esse episódio sombrio da história canadense voltou à atenção com a descoberta das primeiras sepulturas de crianças, na primavera de 2021, o que provocou uma revisão da história colonial do país. Administrados pela Igreja Católica e pelo governo canadense, os internatos tinham o objetivo explícito de “matar o índio” que habitava no coração da criança. Em abril de 2022, o papa Francisco pediu desculpas a uma delegação de indígenas canadenses no Vaticano, antes de sua visita oficial ao país.
*Com informações da AFP.
Jovem Pan