A equipe russa que investiga a queda do avião em que viajava o líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, anunciou nesta sexta-feira, 25, que encontrou os corpos das dez pessoas a bordo e as caixas-pretas do avião. “Nas fases iniciais da investigação, encontramos os corpos das 10 vítimas no local onde o avião caiu”, a noroeste de Moscou, anunciou o Comitê de Investigação nas redes sociais. Eles informaram que também encontraram as caixas-pretas que registram todas as operações de voo e diálogos entre os pilotos, acrescentou. “Estamos fazendo análises moleculares de DNA para identificar” os corpos, acrescentou. Entre as supostas vítimas estaria o braço-direito de Prigozhin, Dmitri Utkin, ex-oficial de uma unidade especial de inteligência militar e comandante operacional do Wagner.
Os governos ocidentais e os opositores do presidente russo, Vladimir Putin, insinuaram que o Kremlin estava por trás dessa provável morte. Em junho, Prigozhin liderou um motim contra o Exército regular russo. O Kremlin negou energicamente essas acusações e Putin prometeu na quinta-feira uma investigação “completa” do caso. “É uma mentira absoluta, tem que abordar esta problemática baseando-se nos fatos”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao ser perguntado sobre insinuações de dirigentes ocidentais de que a presidência russa estava por trás da morte de Prigozhin, supostamente morto na quarta-feira por causa da queda de um avião. Os investigadores russos até agora não mencionaram nenhuma hipótese sobre as causas do acidente.
Os mercenários do Wagner tiveram uma participação ativa na intervenção na Ucrânia, mas seu líder foi qualificado de “traidor” por Putin quando protagonizou uma curta rebelião no final de junho contra o Estado-Maior russo e junto de seus homens iniciou uma marcha em direção a Moscou. “Há muita especulação em torno do acidente de avião e a trágica morte dos passageiros, incluindo Prigozhin, e já sabemos em que sentido é especulado no Ocidente”, acrescentou Peskov. Opositores ao governo russo e ex-partidários que caíram em desgraça foram assassinados ou sofreram tentativas de assassinato, embora o Kremlin tenha sempre negado seu envolvimento em todos esses casos.
Na quinta-feira, 24, o presidente russo prometeu uma investigação “a fundo” do caso, destacou a “contribuição de Prigozhin na ofensiva na Ucrânia e definiu o líder miliciano, a quem conhecia desde os anos 90, como alguém “que cometeu graves erros em sua vida, mas que obtinha os resultados que se propunha”. Nesta sexta, Putin assinou um decreto que obriga membros de grupos paramilitares a prestar juramento à Rússia, como fazem os soldados regulares do Exército, dois dias após a suposta morte do chefe do grupo Wagner, Prigozhin. O decreto, publicado no site do governo, exige que jurem “fidelidade” e “lealdade” à Rússia e “cumpram rigorosamente as ordens dos comandantes e superiores”. Devem também comprometer-se a “respeitar sagradamente a Constituição Russa”, “cumprir conscientemente as tarefas que lhes são confiadas” e “defender corajosamente a independência e a ordem constitucional do país”. O texto foi assinado dois meses após o motim do grupo Wagner, que era liderado por Prigozhin.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan