Nos cigarros convencionais as próprias embalagens já trazem a informação sobre os malefícios que os fumantes podem sofrer. Agora, os cigarros eletrônicos não têm informações sobre os malefícios nem mesmo são liberados no Brasil. Um estudo realizado pela Universidade Federal de Pelotas (Unipel) em todo o território nacional, com mais de 10 mil pessoas, identificou que 20% dos jovens, entre 18 e 24 anos, já fizeram uso do cigarros eletrônicos. Quando a faixa de idade é de 25 a 34 anos, o número fica em 10%. Acima dos 35 anos o percentual foi de 3%; e acima de 60 anos, 1,3%. Até mesmo menores de idade estão consumindo os dispositivos com a falsa sensação de que não fazem mal, conforme afirma o médico pneumologista José Carlos de Jesus. “No consultório é bem corriqueiro receber pais trazendo seus filhos de 13 ou 14 anos que estão utilizando o cigarro eletrônico, pois acreditam que não faz mal”, diz. Há um mito segundo o qual estes aparelhos podem ajudar pessoas a pararem de fumar. Jesus, no entanto, destaca que um estudo destinado à analisar se estes dispositivos são eficazes para atenuar o vício foi interrompido, justamente pelos prejuízos causados à saúde. “A nicotina na forma liquida, como é encontrados nos cigarros eletrônicos, é mais absorvível nos pulmões quando inalada. Isso faz com que a pessoa fique mais dependente da nicotina pelo cigarro eletrônico. Em 2005, foi feito um estudo na Europa tentando usar a estratégia de se parar de fumar com o cigarro eletrônico. O que se viu na ocasião foi justamente o contrário: esse estudo precisou ser interrompido, porque as pessoas que estavam utilizando o cigarro eletrônico estavam ficando mais dependentes ainda da Nicotina”, explica.
Um artigo publicado este ano no “Jornal brasileiro Brasileiro de Pneumologia” aponta também que a popularidade dos vapes tende a acompanhar a escolaridade dos usuários. Em pessoas que possuem entre 9 e 11 anos de escolarização, mais de 11% já experimentaram a modalidade. Entre aqueles com mais de 12 anos, o percentual dos que afirmaram usar o cigarro eletrônico foi de 8,4%. Já entre os entrevistados que estudaram por até oito anos, o percentual foi de 5%. Quando aplicado um recorte de gênero nas análises, constatou-se que mais de 10% dos homens já fumaram por meio deste dispositivo, enquanto entre as mulheres esse percentual ficava um pouco abaixo de 5%.
Fonte: Jovem Pan