Nesta terça-feira, 8, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central publicou sua ata oficial após decidir baixar a taxa básica de juros de 13,75% para 13,25% ao ano. A redução de 0,5 ponto percentual veio após sete manutenções consecutivas, que culminaram no período mais longo no qual a Selic esteve estacionada desde junho de 2019, quando foi mantida em 6,50% por 10 reuniões, ou quase um ano. A taxa não sofria cortes desde agosto de 2020, quando foi reajustada de 2,25% para 2%. Os membros do comitê destacaram que o corte da taxa de juros foi possível graças ao comportamento positivo das expectativas de inflação após a definição da meta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e o anúncio da mudança para o sistema de meta contínua. Apesar disso, o grupo avaliou que cortes da taxa de juros não devem se intensificar, como era esperado pelo mercado. O Comitê reforçou a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista e os membros consideraram que uma redução de mesma magnitude, ou seja, de 0,5 ponto, deve ocorrer nas próximas reuniões.
O grupo que votou pelo corte da taxa de juros em 0,50 ponto “considerou que a postura de política monetária em patamar significativamente contracionista permite um início do ciclo já no ritmo moderado considerado para as próximas reuniões, sem detrimento do comprometimento com a meta e a credibilidade da política monetária. Esse grupo enfatizou alguns desenvolvimentos desde a última reunião, como a dinâmica recente de inflação mais benigna do que era esperado, a reancoragem parcial relativamente célere após a definição da meta pelo CMN e a adequação de recalibrar a taxa de juros real em função dos movimentos nas expectativas de inflação”, escreveram nas atas.
Contudo, o Copom julgou como pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes, “já que isso exigiria surpresas positivas substanciais que elevassem ainda mais a confiança na dinâmica desinflacionária prospectiva. Tal confiança viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”, pontuaram os membros.
Além disso, eles avaliam que houve melhora nos índices de inflação cheia, mas que um cenário com expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária.
Na ata, o grupo destacou que a inflação ao consumidor apresentava uma dinâmica corrente mais benigna, em particular nos componentes referentes a bens industriais e alimentos. “Os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, que possuem maior inércia inflacionária, apresentaram queda, mas mantêm-se acima da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus recuaram e encontram-se em torno de 4,8%, 3,9% e 3,5%, respectivamente”, pontuam.
O Comitê indicou a persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado como fatores de risco. Segundo o grupo, os indicadores do setor de serviços apontam para uma continuidade na trajetória de desinflação do período recente, a despeito de alguma oscilação em níveis ainda acima do patamar compatível com a meta. Os membros ainda destacaram a importância de avanços de reformas estruturais que visam trazer mais previsibilidade das contas e o aumento de crédito.
Fonte: Jovem Pan