O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcará neste sábado a Bruxelas, capital da Bélgica e sede da União Europeia, para a terceira edição da cúpula entre os países da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e do bloco europeu. Estão previstas na pauta do encontro temas como mudanças climáticas, inclusão digital, combate ao crime transnacional, desenvolvimento sustentável e recuperação global pós-pandemia da Covid-19. Oficialmente, o acordo entre Mercosul e UE não será discutido, mas Lula quer aproveitar a passagem pelo Velho Mundo para destravá-lo. Na sexta-feira, 14, o Brasil, que ocupa temporariamente a presidência do Mercosul, enviou aos outros países do bloco a contraproposta após as exigências europeias sobre metas climáticas a serem cumpridas pelos sul-americanos. Este adendo colocado em 2023 irritou Lula, que vem falando alto com a UE.
Em 12 de junho, quando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esteve em Brasília, não usou meias-palavras para mostrar seu descontentamento com as exigências da Europa. “Expus à presidente Von der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e a torna objeto de sanções em caso de descumprimento. A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções. Em paralelo, a União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil”, declarou o petista. Onde dias deois, encontrou-se com o presidente francês Emannuel Macron, em Paris, e manteve o discurso. “A carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, e vamos mandar a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que nós tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça a um parceiro estratégico.”
A expectativa é que Lula não volte a falar publicamente sobre o tema, mas reforce em encontros bilaterais a sua vontade de concluir o mais rápido possível o acordo. Além da cúpula, o presidente brasileiro participará de um evento sobre a “reforma da arquitetura financeira internacional”, de um fórum empresarial, de reuniões com Bélgica, Áustria e Suécia e de uma reunião entre líderes progressistas. Alemanha, Argentina, Chile, Colômbia, Dinamarca, Espanha, Portugal, República Dominicana e Suécia. “Essa viagem é importante para dar um novo impulso às relações bilaterais, num contexto de tensões geopolíticas, com aumento da pobreza e da fome”, destacou o Itamaraty. O petista regressará ao Brasil na quarta-feira, 19.
Fonte: Jovem Pan