Neste sábado, 8, o papa Francisco denunciou as tragédias de imigrantes no mar Mediterrâneo em uma carta escrita pelos dez anos da primeira viagem dele à ilha italiana de Lampedusa. No documento, o católico expressa a “vergonha de uma sociedade que já não sabe chorar e ter empatia” com o próximo. “Nestes dias, estamos assistindo a repetidas e graves tragédias no Mediterrâneo. Nos vemos abalados por desastres silenciosos, diante dos quais permanecemos impotentes e atônitos”, lamenta o pontífice na carta. “A morte de inocentes, principalmente, crianças, em busca de uma existência mais tranquila, longe das guerras e da violência, é um grito doloroso e ensurdecedor que não pode nos deixar indiferentes. É a vergonha de uma sociedade, que já não sabe chorar, nem ter empatia com o próximo”, completou.
A carta, datada do dia 20 de junho e dirigida a Alessandro Damiano, arcebispo de Agrigento, no sul da Itália, relembra o décimo aniversário de viagem que o líder da Igreja Católica fez à Lampedusa, a primeira de seu pontificado. A visita tem um viés simbólico que o papa, segundo explicou ele próprio, quis fazer para “manifestar apoio a quem, após duras jornadas no mar, chegaram às nossas costas”. “Desgraças tão desumanas devem, absolutamente, tocar as consciências. Deus ainda nos pergunta: ‘Adão, onde você está? Onde está seu irmão?”, indagou o papa. “Queremos perseverar no erro, pretender se colocar no lugar do Criador, dominar para proteger nossos próprios interesses, quebrar a harmonia constitutiva entre Ele e nós?”, completou o papa.
O próprio líder da Igreja Católica respondeu às indagações. “É preciso mudar de atitude. O irmão que bate à porta é digno de amor, de acolhimento, de toda pressa. É um irmão como nós, que foi colocado na Terra para gozar do que existe e compartilhar isso em comunhão”, completou. Francisco argumentou que “todos estamos convidados a um renovado e profundo senso de responsabilidade” e solidariedade com o imigrante”, também com a Igreja.
O papa apelou para que o catolicismo “se esforce para se colocar no caminho dos abandonados, saindo de si mesma, aplicando o bálsamo da fraternidade e da caridade nas feridas sangrentas que estão marcadas no corpo, as próprias feridas de Cristo”. Por essa razão, o pontífice pediu aos habitantes de Lampedusa e Agrigento que se lembram de sua visita apostólica, que não permaneçam “presos ao medo e a lógicas parciais” e que venham em auxílio dos migrantes que chegam pelo mar.
*Com informações da agência EFE
Jovem Pan