Sergey Surovikin, general da Rússia, sabia da rebelião do Grupo Wagner contra Moscou, disse o jornal dos EUA ‘The New York Times’, nesta quarta-feira, 28. Segundo a reportagem, que cita autoridades americanas como fontes, garantiu que a inteligência dos Estados Unidos tenta estabelecer que apoio tinha o líder mercenário dentro da cúpula do Exército da Rússia e se Surovikin ajudou a planejar sua rebelião no final de semana passado, que representou a maior ameaça enfrentada por Putin nos 23 anos em que está no poder. Surovikin, que comandou as tropas russas na Ucrânia, é um chefe militar respeitado e o elo entre o líder paramilitar, Yevgeny Prigozhin, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele ajudou a reforçar as defesas de seu país nas linhas de batalha após a contraofensiva ucraniana do ano passado, segundo explicaram analistas citados pelo “The New York Times”. O chefe militar foi substituído em janeiro, mas manteve a influência na direção das operações de batalha e segue sendo popular entre as tropas, conforme destaca o jornal americano. As autoridades americanas também encontraram indícios de que outros generais russos podem ter apoiado a tentativa de Prigozhin de forçar uma mudança na liderança do Ministério da Defesa. A tese é de que o líder do Grupo Wagner não teria se rebelado se não acreditasse que outros em posições de poder o ajudariam.
Se Surovikin realmente esteve envolvido no motim interno, terá sido mais um sinal das disputas internas dentro da cúpula militar russa desde o início da guerra da Ucrânia, o que poderia indicar outra ampla divisão entre os aliados de Prigozhin e os principais assessores de Putin: o ministro da Defesa, Serguei Choigu, e o chefe do Estado Maior, Valery Gerasimov, acrescenta o jornal americano. As fontes citadas pelo “New York Times” garantem que Putin parece decidido a culpar apenas Prigozhin pela rebelião. O jornal indica, contudo, que às autoridades americanas interessa difundir informação que abale o prestígio do general Surovikin, que é considerado mais competente e impiedoso que os outros membros do comando, e cuja destituição beneficiaria a Ucrânia. Ao saber da rebelião do chefe dos mercenários, Surovikin rapidamente se mostrou contrário e pediu às tropas russas na Ucrânia que mantivessem suas posições e não se unissem ao levante, que acabou fracassando. Prigozhin, por sua vez, precisou se refugiar em Belarus. Até o momento, ainda não se sabe o que levou ao motim que pegou todos de surpresa. Contudo, em declaração na segunda-feira, Prigozhin quebrou o silêncio e garantiu que o objetivo não era derrubar Putin.
"O objetivo da marcha era não derrubar poder russo", afirmou Prigozhin em uma mensagem gravada de 11 minutos no Telegram, garantindo também que marcha objetivo da marcha era "não permitir a destruição do grupo Wagner e responsabilizar os funcionários que, por meio de suas ações não profissionais, cometeram um grande número de erros" e evidenciou "graves problemas de segurança no país", declarou Prigozhin, ressaltando que seus homens viajaram 780 km sem encontrar muita resistência e pararam "a 200 quilômetros de Moscou". "Demonstramos um alto nível de organização que o Exército russo deveria ter", acrescentou Prigozhin, que também contou que, no decorrer do trajeto, os civis expressaram seu apoio ao grupo, o que expõe a fragilidade do poder na Rússia. "Os civis nos receberam com bandeiras russas e o símbolo do Wagner", afirmou, acrescentando que "todos ficavam muito felizes quando passávamos". A localização de Prigozhin que está desaparecido deste que assinou um acordo com Vladimir Putin para cessar o conflito, é desconhecida. No áudio, ele também lamenta o fato de o grupo ter precisado "ativar a aviação russa" e enfatizou mais uma vez que recuaram para evitar derramamento de sangue de soldados russos.
Fonte: Jovem Pan