A gerência de Vigilância das Doenças e Agravos Transmissíveis e Não Transmissíveis da Secretaria de Saúde de Maceió (SMS) registrou 21 casos de meningite em 2023. No ano passado, foram notificadas 33 ocorrências da doença.
A meningite é uma doença grave que afeta as membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Ela pode ser causada por vírus, bactérias ou fungos.
A médica infectologista da gerência de Vigilância das Doenças e Agravos Transmissíveis e Não Transmissíveis, Mardjane Lemos, concedeu uma entrevista para elucidar dúvidas que são comuns em relação à doença.
Quais são os principais sinais e sintomas?
Mardjane - São dor de cabeça, vômito e febre, é a tríade da Meningite. Teve esses três sintomas, já deve passar por avaliação, pois pode ser qualquer tipo de meningite, meningite viral, meningite bacteriana, meningite tuberculosa. Porém se surgir manchas na pele, manchas arroxeadas, a suspeita é de meningite meningocócica. O tratamento com antibiótico deve ser iniciado já a partir dessa tríade. Houve essa tríade, havendo a suspeita, tem que iniciar a medicação.
Existe alguma forma de prevenção para a família e os contatos de um caso suspeito de Meningite?
Mardjane - Além de ser essencial o início imediato para o quadro suspeito de Meningite, mesmo ainda sem a confirmação laboratorial, nos casos com a presença de sufusões hemorrágicas (as manchas escuras na pele), o início imediato de antibiótico adequado é o que vai contribuir para a recuperação. Quanto menor a idade, mais vulnerável está a criança. Para a família e pessoas que possuem contato direto com o caso suspeito, deve ser realizada a quimioprofilaxia, que é o uso de um antibiótico que a Vigilância Epidemiológica entrega e realiza monitoramento para avaliar se aparece algum sintoma em alguém desse grupo.
A população e profissionais de saúde precisam estar atentos à vacinação?
Mardjane - Sobre a vacina é importantíssimo fazer um chamamento para que a população mantenha o calendário vacinal sempre em dia. Os profissionais de saúde precisam estar atentos, mesmo as crianças com o calendário vacinal em dia, a meningite precisa ser pensado nos casos em que aparecerem sinais/sintomas, a vacina protege contra a meningite C, no entanto tem que lembrar que existem outros tipos de doença meningocócica. Não deixem de pensar em doença meningocócica só porque a criança está vacinada. Não é porque está vacinada que a criança não pode contrair a doença. O que vai ser diferente é o como a criança vai responder ao tratamento. A vacina é essencial para a recuperação da criança.
Qual a orientação para os profissionais de saúde?
Mardjane - Os profissionais de saúde precisam suspeitar. Chegou um caso com febre, dor de cabeça e vômito lembrar da possibilidade de Meningite. Se aparecer manchas escuras no corpo lembrar da doença meningocócica, então é super importante que o antibiótico seja iniciado na unidade onde a pessoa foi atendida, não aguarde a transferência para iniciar tratamento quando há suspeita. Nós, enquanto Vigilância, vamos tentar nos desdobrar para conseguir descobrir qual é a causa, independente do uso de antibiótico. Uma preocupação do profissional é, se eu começar antibiótico agora, pode ser que a gente não consiga descobrir qual é a bactéria, mas a prioridade é salvar a vida.
A população precisa estar atenta aos sinais e sintomas? Qual é a orientação?
Mardjane - É importante que a população esteja atenta sobre esses três sintomas: febre, vômito e dor de cabeça. No entanto, tem que lembrar também que criança pequena às vezes não apresenta tudo isso. Então, se a criança, menor de dois anos, apresentou febre, vomitou pelo menos uma vez e está muito sonolenta é importante que ela vá para avaliação. Não espere surgir todos os sinais. Levar para o médico avaliar se pode ou não ser uma suspeita de meningite.
A doença acomete qualquer faixa etária?
Mardjane - A doença não acomete uma faixa etária específica, podendo acometer qualquer idade. A gente tem observado muito em menores de um ano. Mas, qualquer pessoa pode ser acometida.
As informações abaixo são baseadas na Nota Técnica Nº 11 de 2022 da gerência de Vigilância das Doenças e Agravos Transmissíveis e Não Transmissíveis da SMS.
É importante lembrar às pessoas que a meningite acontece continuamente, não é uma doença que só ocorre em um período específico do ano. Então, a população deve estar atenta aos sinais e sintomas, e procurar ajuda médica de forma rápida. Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta.
O tratamento da meningite bacteriana geralmente envolve a administração de antibióticos. O tratamento da meningite viral é principalmente de suporte, com repouso, hidratação e medicamentos para aliviar os sintomas. Já a meningite fúngica requer terapia antifúngica específica.
A melhor forma de combater a meningite é através da prevenção. As vacinas estão disponíveis para prevenir a meningite bacteriana causada pelo meningococo, pneumococo e Haemophilus influenzae tipo B. É fundamental seguir o calendário de vacinação.
No Sistema Único de Saúde, a população pode contar com cinco tipos de vacinas que contribuem para a prevenção da meningite bacteriana, sendo elas a BCG (previne a meningite tuberculosa), a Pentavalente (protege contra o Haemophilus influenzae tipo B), a Meningocócica C (previne contra meningite bacteriana tipo C), a Pneumocócica 10-valente (protege contra a meningite causada por dez sorotipos de Streptococcus pneumoniae) e a Meningocócica ACWY (previne contra meningite bacteriana dos tipos A, C, W e Y).