Polícia intensifica ação contra líderes de quadrilha do golpe do aplicativo de relacionamento; saiba como evitá-los

Só neste ano, a Polícia Civil de São Paulo prendeu 68 suspeitos de participarem de grupos criminosos especializados no golpe do aplicativo de relacionamento.

Polícia intensifica ação contra líderes de quadrilha do golpe do aplicativo de relacionamento; saiba como evitá-los

Só neste ano, a Polícia Civil de São Paulo prendeu 68 suspeitos de participarem de grupos criminosos especializados no golpe do aplicativo de relacionamento. No total, foram 24 ocorrências registradas de janeiro a maio de 2023, sendo 21 delas solucionadas. No ano passado, houve 155 casos (104 deles resolvidos) e 303 pessoas presas. Os dados foram apresentados pelo delegado titular da Divisão Antissequestro, Fábio Nelson, que concedeu entrevista ao portal da Jovem Pan. Segundo o delegado, a polícia intensificou o trabalho contra os golpistas. O objetivo é prender os articuladores das quadrilhas para, desta maneira, sufocá-las. Nelson conta que houve uma queda de quase 40% no número de casos na capital paulista. “Tivemos um declínio importante. Estabelecemos estratégias visando a prisão dos líderes desses grupos, e o resultado tem sido excelente”, destacou. O delegado ainda lamentou a morte de quatro vítimas por tentativa de fuga ou por não se submeterem às ordens dos sequestradores. Houve também o óbito de um suspeito. “São sequestradores perigosos, bastante violentos. Muitos entram em confronto com a gente”, revelou.

Os primeiros casos deste golpe surgiram em 2021. Dois anos depois, a tática já é bem conhecida: criminosos criam um perfil falso em um aplicativo de relacionamento e tentam “seduzir” a vítima. O alvo, em sua maioria, são homens. Depois de uma primeira conversa, eles entram em contato pelo WhatsApp e marcam um encontro, normalmente em uma via pública. Quem cai no “canto da sereia” acaba sendo surpreendido. De acordo com a polícia, normalmente três ou quatro pessoas abordam a vítima, não dão chance de defesa e a levam para um cativeiro — a maioria deles está na zona norte de São Paulo. No local, os bandidos acabam fazendo movimentações na conta bancária da vítima e a libertam em até três dias. Em outros casos, os golpistas entram em contato com a família, pedindo um valor pelo resgate. Antes de colocarem o plano em prática, analisam o perfil da vítima pelas redes sociais “Eles procuram aqueles que, aparentemente, possuem um bom perfil financeiro”, explica o delegado. Felizmente, existem medidas de segurança que podem (e devem) ser adotadas. Uma delas é fazer uma chamada de vídeo antes do encontro. Caso não seja possível, o “date” deve ser marcado em local público, como os shoppings.

SPC do Amor

A empresária e detetive particular Sabrina de Cillo criou o Serviço de Proteção ao Coração – Investigações, o SPC do Amor. Com o aumento de golpes por aplicativos, a ferramenta se tornou uma aliada na prevenção deste tipo de crime. Através dela, o usuário obtém um relatório completo sobre a pessoa com quem está se relacionando. “Trata-se de uma análise de risco reputacional. Nós pesquisamos para saber se pessoa é realmente quem diz ser”, explica. Alguns criminosos utilizam garotas menores de idade como isca, chegando até fazer chamada de vídeo. Ambos marcam um encontro e, quando chegam ao local combinado, a vítima percebe que se trata de uma emboscada. O serviço ajuda o usuário a se prevenir. “Temos visto muito isso. Atuamos na prevenção. Procuramos se o nome informado existe, baseado nas informações que foram passadas. Caso não exista, o sinal de alerta é ligado e o orientamos a não se envolver com aquela pessoa”, explica a empreendedora.

De Cillo ressaltou que o serviço também atende pessoas que desconfiam estar sendo extorquidas pela paqueira de app, um golpe bastante comum. O criminoso entra em contato com a vítima pelas redes sociais ou através de um aplicativo de relacionamento e a faz se envolver emocionalmente. Em determinado momento, o golpista começa a pedir dinheiro para auxílio em algo supostamente urgente, prometendo devolver o valor. Acreditando estar em uma relação saudável, a vítima acaba depositando. Na maioria dos casos, a pessoa que pediu o dinheiro costuma desaparecer sem cumprir o prometido. Em outros, o valor é devolvido para conquistar a confiança da vítima e depois aplicar o golpe.

“Os criminosos utilizam uma técnica na qual o objetivo é induzir a pessoa fazer o que eles querem. Prometem uma viagem para se conhecerem, como se fosse um relacionamento à distância. Em um certo momento, o golpista pede para transferir um valor. No dia seguinte, ele devolve, para ganhar a confiança da vítima”, explica. “Ele aumenta o valor, a vítima deposita, e a pessoa desaparece.” Para que você não seja mais uma vítima, Sabrina orienta a prestar atenção no perfil do pretendente que está entrando em contato. Normalmente, os perfis falsos quase não possuem amigos em comum e a cidade informada não é da mesma região. E, acima de tudo, desconfie quando o assunto descambar para um empréstimo.

O que fazer para evitar o golpe

  • Tente rastrear a foto. Golpistas costumam pegar imagens de redes sociais, agências de modelo e bancos de dados;
  • Peça para fazer uma chamada de vídeo antes do encontro. Se a pessoa inventar alguma desculpa, ligue o sinal de alerta;
  • Marque o encontro em locais públicos e bastante movimentados;
  • Caso o possível parceiro dê informações sobre sua profissão, cheque na internet;
  • Suspeite de eventuais contradições durante a conversa. É comum que mais de um golpista assuma o perfil;
  • Quando o suposto par romântico pedir dinheiro emprestado, caia fora.

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