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Política

Críticas de Lula a Roberto Campos Neto viram arma para oposição e desagradam até aliados

Contrariado com a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) pela sexta reunião consecutiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o discurso contra Roberto Campos Neto.


Contrariado com a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) pela sexta reunião consecutiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) endureceu o discurso contra Roberto Campos Neto. Sem citar o nome do presidente do BC — chamado pelo presidente da República de “esse cidadão” —, o petista disse, durante entrevista em Londres após a coroação do rei Charles III, que o atual chefe da autoridade monetária o prejudica deliberadamente para agradar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quem o indicou em 2019. “Duvido que esse cidadão tenha mais autonomia que o [ex-presidente do BC Henrique] Meirelles teve. Só que o Meirelles tinha responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações. Esse cidadão não tem. Ele não tem nenhum compromisso comigo. Ele tem compromisso com quem? Com o Brasil? Não tem. Ele tem compromisso com o outro governo, que o indicou. E com aqueles que gostam de taxa de juros alta. Não há outra explicação”, disse Lula. As declarações, porém, não foram bem recebidas em Brasília, onde o presidente desembarcou nesta madrugada, após voltar do Reino Unido. Segundo apuração da repórter Luciana Verdolin, da Jovem Pan News, nem mesmo os aliados aprovaram a subida de tom do chefe do Executivo. Eles avaliam que, em vez de criticar o Banco Central, o governo federal deveria apresentar medidas para incentivar a queda da Selic.

Já os oposicionistas criticaram as duras palavras usadas pelo presidente. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), por exemplo, citou a ida do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga a uma comissão do Senado para aumentar a fervura sobre o desafeto político. “Lula voltou a fazer ataques pessoais contra o presidente do Banco Central. É só o que sabe fazer um governo que não tem plano, não tem projeto, não sabe controlar gastos, não tem nada. Caminhamos para o ‘fiasco’ anunciado pelo Armínio Fraga”, disse o ex-juiz federal. A crítica do economista referida por Moro foi sobre o arcabouço fiscal. “A aritmética não fecha. Não é suficiente zerar o primário. Pode desembocar em um grande fiasco”, alertou Fraga, que manifestou voto em Lula no segundo turno das eleições de 2022. O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição na Casa Alta, disse que o presidente falou “lulices” em sua passagem por Londres. “Ele nunca entendeu a diferença entre políticas de governo e políticas de Estado. Aliás, essa é a raiz da corrupção, aparelhamento e corporativismo dos governos do PT”, declarou.

O mercado, por sua vez, fica apreensivo com a guerra aberta entre o governo federal e o Banco Central. Durante participação no Jornal da Manhã, o economista Hugo Garbe desaprovou a cruzada petista contra a autoridade monetária. “É muito claro para o mercado que o Banco Central — e não quero aqui individualizar o BC na figura do Campos Neto, porque é um órgão técnico, com muita gente competente — tem feito o seu dever de casa. Comparado a outros bancos centrais, como o americano e o europeu, o Banco Central brasileiro foi o mais eficiente no combate à inflação. Fomos o primeiro a elevar juros no começo da pandemia, e essa iniciativa precoce que faz com que a inflação brasileira seja a primeira com indícios de decrésicimo. O mercado sabe que a taxa de juros é alta, mas necessária pelo momento que o mundo”, disse. Nesta segunda-feira, os olhos do país estarão atentos para a reação da Bolsa de Valores brasileira às palavras de Lula. Na terça, o Copom detalhará em sua ata por que decidiu manter os juros em patamar tão alto.

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