Desde o meio de janeiro, a França enfrenta uma onda de manifestações contra a reforma da previdência prevista pelo presidente Emmanuel Macron. Neste sábado, 11, cerca de 300 mil pessoas foram às ruas mais uma vez para demonstrar o seu descontentamento, que aumentou ainda mais na sexta-feira após o líder francês se recusar a se reunir com os sindicatos. “Quando milhões de pessoas estão nas ruas, quando há greves e tudo o que recebemos do outro lado é o silêncio, as pessoas perguntam: O que mais temos que fazer para sermos ouvidos?”, afirmou Philippe Martinez, líder do sindicato CGT, antes de pedir um referendo sobre a reforma previdenciária. Nesta semana, foi registrado o maior protesto contra a reforma da previdência e, um dia depois, o senado aprovou o artigo-chave de um projeto de reforma do sistema previdenciário. Para entrar em vigor, a iniciativa precisa ser aprovada pelas duas Câmaras do Parlamento até o próximo dia 26 de março.
A mobilização na França entrou em uma nova fase na terça-feira, 7, com o maior protesto até o momento, 1,8 milhão de manifestantes, de acordo com as autoridades, e 3,5 milhões, segundo o sindicato CGT, e com o início de greves prorrogáveis. As manifestações têm como objetivo forçar o governo a retirar o projeto de lei que pretende adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e de antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42, como atualmente) para receber a pensão integral. Depois de cinco grandes manifestações pacíficas em janeiro e fevereiro, os sindicatos decidiram intensificar sua luta diante da recusa do governo Macron e da primeira-ministra, Élisabeth Borne, de recuar da medida. Nesta nova fase, além de saírem as ruas, importantes portos de Le Havre, Rouen e Marselha foram bloqueados temporariamente e trabalhadores em greve do setor elétrico continuam reduzindo a produção de eletricidade. Também houve cancelamento de viagens de trens e pertubações nos transportes públicos. Para próxima semana, uma nova manifestação está marcada, e ela provavelmente ocorrerá na quarta-feira, 15.
Mesmo diante do descontentamento – segundo as pesquisas, dois terços dos franceses são contra essa mudança -o governo optou por um controverso procedimento parlamentar — um projeto que altera a lei de financiamento da Seguridade Social — que limita o tempo de análise e facilita a aplicação do plano. As duas câmaras do Parlamento têm agora até 26 de março para adotar o mesmo texto. Caso contrário, o governo pode implementar a medida por meio de uma portaria a partir desta data, algo que nunca aconteceu. O Senado (Câmara Alta), controlado pela oposição de direita favorável à reforma, tem até o domingo, 12, para votar a medida. Já na Assembleia Nacional (Câmara Baixa), o prazo expirou sem tenha chegado a fazê-lo. Na próxima semana, representantes de ambas as Câmaras devem se reunir para chegar a um texto comum, sobre o qual deputados e senadores devem se pronunciar novamente ou pelo menos tentar, possivelmente em 16 de março.
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan