O médico denunciado por estupro a um paciente de 20 anos de idade, durante consulta na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jaraguá, no dia 11 de fevereiro deste ano, prestou depoimento à Polícia Civil na manhã desta segunda-feira, 06. Além dele, uma médica, que teria presenciado o atendimento, deve ser ouvida ainda hoje.
O chefe de operações do 2º Distrito Policial, Luciano Pereira, confirmou à reportagem do TNH1, que o médico compareceu à unidade policial para ser ouvido pelo escrivão responsável. Após o término do depoimento, a testemunha, colega de profissão do médico, também vai prestar depoimento.
"Estamos ouvindo o médico que foi denunciado e, logo depois, vamos ouvir a médica que estava presente na hora do atendimento. Nós oficiamos a UPA para que fossem comunicados os nomes de todos os funcionários que estavam na escala de plantão daquele dia. A partir dos nomes fornecidos no depoimento dos dois médicos, nós iremos confrontar a lista e intimar também essas pessoas para comparecimento na delegacia", afirmou Pereira.
"Nós já ouvimos a vítima, os familiares dela, e estamos dando prosseguimento no inquérito. Acredito que depois do recebimento do laudo pericial, vamos concluir a investigação. Não sei a previsão para o encaminhamento, mas com esses depoimentos, vamos dar andamento com o inquérito", continuou o chefe de operações ao destacar também que ainda não teve acesso aos detalhes do depoimento do médico.
O médico foi afastado das funções na UPA e depois demitido por justa causa, conforme comunicado da Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau). Ele também já foi denunciado anteriormente pelo mesmo crime, contra um adolescente, no município de Campo Alegre.
O caso - Um médico da UPA do Jaraguá foi denunciado um paciente de 20 anos por estupro durante atendimento na unidade de saúde no dia 11 de fevereiro de 2023. Três dias depois, a Polícia Civil confirmou que abriu inquérito para investigar o caso.
À Polícia, o jovem contou que buscou atendimento na UPA do Jaraguá por conta de suspeita de herpes e vesículas na região anal e perianal. Inicialmente, o médico realizou uma avaliação visual e, em seguida, informou que seria necessário realizar um exame de toque. Foi então que o médico o posicionou de costas, com os braços encostados na maca. Mas, em determinado momento, o médico colocou as duas mãos nos quadris do paciente e o penetrou. Quando o paciente percebeu, se virou de imediato e viu o profissional com o pênis para fora das calças.
Ainda de acordo com a denúncia do paciente, o médico teria dito algo como "Eu devo ter me confundido. Eu achei que você queria". Depois disso, o médico teria ficado por cerca de quinze a vinte minutos tentando convencer o paciente a não relatar o ocorrido e perguntando coisas aleatórias da vida dele como forma de desviar o assunto sobre o ocorrido.
O paciente prestou queixa contra o médico e o profissional esteve, junto com o advogado dele, na Central de Flagrantes, para dar sua versão sobre os fatos narrados.
O advogado do médico disse, na ocasião, que há documentos que comprovam o contrário do alegado pelo denunciante. "Inicialmente a defesa do acusado ressalta que confia no trabalho da polícia e que no transcorrer do inquérito tudo será esclarecido para sociedade alagoana. Destaca-se ainda que existem diversos documentos probatórios que comprovam o contrário do alegado pela suposta vítima, inclusive gravações", diz a nota da defesa.
Outra denúncia - O mesmo médico chegou a ser denunciado por um adolescente de 16 anos, no ano de 2020. Segundo a denúncia, o menino teria procurado atendimento no Polo Regional de Tratamento à Covid-19, no município de Campo Alegre, e durante a consulta o médico teria tocado no abdômen do paciente, e rapidamente baixado a bermuda e apertado o órgão genital com movimentos fortes, chegando a machucar. De acordo com o relato, o adolescente percebeu que não era normal o tipo de atendimento e que pediu para o médico parar. Em seguida, o médico abriu a porta do consultório e a tia do adolescente, que trabalhava no local disse ao médico que era o seu sobrinho. O médico teria ficado bastante nervoso ao saber que o paciente era sobrinho de uma funcionária do local.
A defesa do médico também se pronunciou sobre esse caso em 2020. "Em referência à acusação ocorrida em Campo Alegre no ano de 2020, essa já se mostrou falsa, tanto é que a denúncia não reuniu condições mínimas para que fosse aberta a ação penal contra o acusado. Por fim, a defesa afirma que confia que a justiça será feita e se coloca a disposição para o esclarecimento de quaisquer dúvidas", diz a nota.