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Guilherme Afif Domingos

Atuação de Tarcísio na tragédia do litoral norte de SP rende elogios entre aliados, mas aproximação com Lula causa desconforto entre bolsonaristas e petistas

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A atuação do governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) frente à tragédia causada pelas fortes chuvas no litoral norte de São Paulo vem repercutindo positivamente entre os aliados, eleitores e até mesmo opositores do político. Marcada por decisões rápidas e técnicas, mas também por acenos e aproximações, a postura do ex-ministro da Infraestrutura é bem vista e rende ao ex-auxiliar de Jair Bolsonaro uma série de elogios. Entre pessoas próximas ao gestor paulista, prevalece o entendimento de que, com o episódio, o primeiro de grande relevância de seu governo à frente do maior Estado do país, o governador conseguiu demostrar, na prática, sua posição moderada e democrática. “Tarcísio está demonstrando o que é Tarcísio. Ele é isso. Não tem marketing, não tem nada. Ele é um cara que é um operador e que tem uma vivência. Ele já foi para o Haiti com as forças especais atuar em situações críticas. Então, em situação crítica, ele é um grande comandante. Ele quando se apresentou para ser governador era o Tarcísio operador, o que ia efetivamente dar um novo enfoque para São Paulo. Veio infelizmente essa tragédia e ele demonstrou o que ele é: autêntico e sem maquiagens”, disse ao site da Jovem Pan Guilherme Afif Domingos, atual Secretário Extraordinário de Projetos Estratégicos do Palácio dos Bandeirantes e que coordenou a campanha vencedora do candidato do Republicanos de Gomes de Freitas.

De fato, nas redes sociais, os elogios à atuação do governador de São Paulo também reconhecem a moderação e a postura técnica como um acerto do republicano. Entre outras coisas, internautas falam em atuação “exemplar” e “surpreendente” do governador e dão “nota 10” ao político. “É importante admitir algumas coisas, principalmente diante dessa polarização insana no Brasil. Dito isso, posso falar que estou surpresa com a atuação do Tarcísio em SP. Que continue sem extremismos”, escreveu uma seguidora no Twitter. “Você pode até não gostar do Tarcísio, mas não tem como deixar de reconhecer a dedicação e a atuação dele neste Carnaval. Que isso seja a regra para os próximos quatro anos. Afinal, é disso q a população precisa, não importa se o político é de esquerda, direita ou centro”, disse outro internauta. Por outro lado, no entanto, as declarações conjuntas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início da semana também elevaram os ânimos – e as críticas – de parte da militância direitista, especialmente de apoiadores mais fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que declarou apoio ao ex-ministro da Infraestrutura durante as eleições de 2022. Para o eleitorado bolsonarista, acenos feitos pelo governador ao petista refletem uma aproximação desnecessária e demonstram um distanciamento com o ex-mandatário. “Nunca me enganou. Trabalha pelos interesses das mesmas pessoas que colocaram o Lula na Presidência”, disse um internauta. O desconforto com a aproximação ocorre também no PT. Setores mais à esquerda do partido entendem que o aceno pode beneficiar Tarcísio em dois cenários distintos: a nível nacional, o governador de São Paulo poderia se consolidar como líder da oposição a Lula e uma figura capaz de polarizar com o atual presidente da República no pleito de 2026. Por outro lado, a projeção do político do Republicanos criaria uma nova barreira em um Estado que nunca foi governado pelo partido.

Politicamente falando, é inegável que a aproximação entre Tarcísio e Lula acontece em um momento em que o governador tenta se descolar do radicalismo atrelado a uma parte do bolsonarismo, assumindo discursos mais moderados. O cientista político Paulo Niccoli Ramirez, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), explica ao site da Jovem Pan que há um processo de “neutralização” do bolsonarismo, especialmente após o distanciamento de Bolsonaro das discussões políticas no Brasil e episódios recentes envolvendo o governo anterior, como as denúncias envolvendo os yanomamis e a retirada de sigilos. “Claro que a direita vai continuar existindo, assim como a esquerda, mas é o momento de rearranjo e de buscar novas lideranças”, afirma o especialista. Niccoli Ramirez pondera que essas mudanças apontam uma tendência de pacificação do Brasil e abrem caminho para uma política “civilizatória”. Neste contexto, somado o cenário de desorganização do PSDB, que comandou o Estado nos últimos 30 anos e teve sua hegemonia encerrada pelo próprio Tarcísio, e a necessidade da direita de se remodelar, o atual governador de São Paulo encontra uma oportunidade de ganhar visibilidade, especialmente com os eleitores de centro. “O Brasil passou por quatro anos de muitas tensões políticas, então o Tarcísio soube usar essa situação que não é agradável de ser discutida, uma vez que envolve muitas vidas. Do ponto de vista dos direitos humanos e do dever do Estado, tanto Lula quanto Tarcísio se mostraram republicanos e procuram mostrar uma ideia de governabilidade, que é possível dialogar com a oposição”, acrescenta.

Em uma última avaliação, o cientista político e coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec RJ, José Niemeyer, também afrima que a presença e o discurso de Tarcísio no litoral de SP apontam “para uma trajetória de muito sucesso” do governador à frente de São Paulo nos próximos quatro anos. Ele menciona que as estratégias adotadas, especialmente do ponto de vista da logística no litoral norte, mostram que Tarcísio deve focar sua gestão em uma atuação prática e de planejamento, deixando de lado questões ideológicas, o que afasta os eleitores da direita mais radical e ignora pautas de costumes e imbróglios políticos. “Tenho impressão que em nenhum momento ele vai usar a palavra comunista, por exemplo, que foi uma palavra muito usada nos últimos anos no Brasil para você se referir a um adversário. Ele nunca vai usar a palavra comunista, porque ele é um técnico e tem o bom senso. O discurso será técnico envolvendo planejamento, controle, resposta das políticas públicas”, completa. Entre farpas e elogios recebidos, a conclusão entre aliados como Afif Domingos, é que a postura de Tarcísio mostra que além de técnico, o governador também é político. “É o jeito dele. Vamos dialogar, ele quer trabalhar, não importa com quem”, conclui.

Fonte: Jovem Pan

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