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Hanseníase

Janeiro Roxo: em Maceió, 71% dos casos de hanseníase são identificados de forma tardia, alerta SMS

Hanseníase / Foto: Getty Imagens
Hanseníase / Foto: Getty Imagens

Manchas na pele, diminuição da força muscular, dormência em membros inferiores ou superiores. Esses são os principais sintomas da hanseníase, doença que afeta cerca de 15 mil brasileiros por ano. O Janeiro roxo é o mês de mobilização e combate à hanseníase, com campanhas de cuidado e prevenção sobre a doença

De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Alagoas registrou diminuição nos casos de hanseníase. Em 2021, o estado contabilizou 259 casos da doença, já em 2022, foram 251. Com uma redução de 3,8% no número total de casos.

Nos últimos cinco anos, foram diagnosticados um total de 381 casos de hanseníase no município de Maceió, sendo 271 casos a forma mais grave da doença que é a Multibacilar e 110 os demais casos que é a forma Paucibacilar. "É importante chamar a atenção para o diagnóstico precoce visto que 71,1% dos casos são identificados de forma tardia, muitos deles apresentando algum grau de incapacidade", ressalta a Secretária Municipal de Saúde de Maceió.

A secretaria ressalta ainda que a doença possui um período de incubação de dois a sete anos agindo de forma silenciosa, por isso a importância do diagnóstico precoce e o exame dos contatos que são os mais suscetíveis para o adoecimento.

Sintomas e sinais

Ao Cada Minuto, a médica dermatologista, Cecília Pugliesi, explica que os principais sinais e sintomas da hanseníase são manchas brancas ou vermelhas com diminuição da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, além de redução dos pelos e do suor. "Também podem surgir caroços em qualquer área do corpo e redução da força muscular", explica.

Foto: Cortesia ao CadaMinuto

A dermatologista destaca que a hanseníase tem cura e o tratamento completo da doença é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e varia de seis a 12 meses, dependendo da gravidade da doença. "É importante informar à população que os doentes param de transmitir a hanseníase logo nas primeiras doses do tratamento", informa.

Diagnóstico e sequelas

Ela alerta ainda que em caso de diagnóstico confirmado, é necessário orientar as pessoas com as quais mantém contato próximo e regular, para afastar novos casos da doença. De acordo com a médica, são considerados contatos intradomiciliares pessoas que tenham convivido com o indivíduo nos últimos cinco anos do diagnóstico da hanseníase.

Se diagnosticada tardiamente, a doença pode trazer sequelas como fraqueza muscular que resulta em deformidades nos pés e mãos; lesões desfigurantes na face, orelhas e nariz e alterações oculares são alguns exemplos de sequelas da hanseníase.

Os pesquisadores destacam que a hanseníase é uma doença milenar e ainda negligenciada, e a implementação de medidas de controle da doença já era um desafio antes mesmo da pandemia no Brasil. "O país é o segundo no mundo em número de casos, cerca de 30 mil novos casos a cada ano. A doença é uma das principais causas de incapacidade permanente e estigma social e se destaca como uma das doenças negligenciadas mais importantes em países subdesenvolvidos, como Índia e Brasil", informa o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Carlos Dornels.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 3 milhões de pessoas no mundo vivem com deficiências causadas por complicações clínicas da hanseníase. "Apesar de ser uma doença antiga e tratável, a hanseníase ainda representa um importante problema de saúde pública, principalmente em populações vulneráveis, reflexo também da falta de investimentos em pesquisas para desenvolvimento de vacinas ou novos medicamentos", complementa o pesquisador.

Mapas de análises espaciais elaborados pelos autores demonstraram também redução de até 100% nos casos novos de hanseníase, principalmente nos estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. "Nesse contexto, as medidas tomadas em relação à pandemia da Covid-19 podem impactar severamente nas estratégias de controle da hanseníase em todo o país. A redução do diagnóstico eleva a prevalência oculta, mantém a cadeia de transmissão ativa e eleva o risco de incapacidades físicas. É necessário implementar planos e políticas que permitam o controle da doença", alerta Carlos Dornels.

Campanhas

Com o objetivo de promover a conscientização sobre a hanseníase, a Secretaria de Saúde de Maceió (SMS) dá início a campanha do Janeiro Roxo. Durante todo o mês serão realizadas buscas ativas em comunidades, palestras e intensificação de atendimentos nas Unidades de Saúde da capital.

Durante todo o mês de janeiro, as buscas ativas por casos sintomáticos serão realizadas nas Unidades dos oito Distritos Sanitários da capital, onde serão realizados atendimentos, exames e encaminhamentos para tratamento, caso necessário. Também irão ocorrer palestras em salas de espera para conscientizar a população sobre a doença.

A campanha é intersetorial e conta com a participação da SMS, por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DVS), Coordenação Geral de Epidemiologia e Gerência de Vigilância das Doenças de Agravos Transmissíveis e Não Transmissíveis do Município; da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Instituto Morhan e Rede Universitária de Combate à Hanseníase (Hans/AL).

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